sábado, 1 de janeiro de 2011

Os Samurais

  Eles deixaram oficialmente de existir já faz mais de um século, mas ainda povoam a cultura popular. Filmes, desenhos, séries, documentários, revistas... São sempre exemplos de disciplina, de força, de lealdade e outras virtudes. Sempre relacionados ao povo japonês, acabaram por tornar-se uma espécie de símbolo dessa rica cultura, tanto dentro quanto fora das fronteiras nipônicas.

Estou falando dos guerreiros mais letais da antiguidade: Os Samurais. Esses fieis servos de seus senhores continuam causando admiração até hoje, mas muita gente não entende direito o que eles eram, suas funções, entre outras coisas. Então que tal conhecer um pouco mais sobre eles?  Venha, nessa postagem falaremos um pouco sobre os lendários homens que seguiam o Caminho da Espada!


O que foi, exatamente, um Samurai?

O nome Samurai significa, literalmente, “Aquele que serve”. Ou seja, sua função era basicamente servir os Senhores das Terras, denominados daimyo. Eles surgiram como meros coletores de impostos e posteriormente ganharam funções militares. Assim, passaram a exercer o papel de soldados, de forma a proteger as terras (o feudo) do senhor, através de suas habilidades com a espada, arco e flechas, entre outras armas. Samurais tinham ainda o direito de andar com duas espadas na cintura, uma longa, de 60cm, usada para batalhas, e outra mais curta, de 40cm.

Durante boa parte do tempo em que esses guerreiros existiram, qualquer um podia tornar-se um Samurai. Bastava dominar alguma arte marcial, ter uma boa fama e encontrar um senhor disposto a contratá-lo. Entretanto, depois que o Japão entrou em um regime de governo militar, denominado Xogunato Tokugawa ou era Edo (O governo mudou a capital do Japão de Kyoto para Edo, atual Tóquio, nessa época), Samurais passaram a ser uma das Castas no Japão, ou seja, o título de Samurai passou a ser transmitido de pai para filho.

No entanto, a imagem dos Samurais como sujeitos que só pensavam em lutar e não sabiam fazer mais nada não poderia estar mais errada: Alfabetização era algo praticamente obrigatório, e muitos deles eram ótimos poetas ou pintores, além de frequentemente dedicarem-se a outras artes, como a arte do chá, o cultivo de flores, entre outras coisas. O código de conduta deles, aliás, sugeria que eles deveriam ser relativamente cultos, para dizer o mínimo.

Disciplina, lealdade e, principalmente, honra.

Diferente do que se pensa, o código de conduta dos Samurais, o famoso Bushidô (literalmente, “O Caminho do Guerreiro”), não é algo que esteve sempre presente na história desses guerreiros, tendo surgido também durante o Xogunato dos Tokugawa. Basicamente eles estavam enfrentando um desafio diferente: Sua principal função era a de guerreiros, mas guerreiros eram inúteis nos tempos de paz que o Japão atravessava... Entretanto, Samurais ainda eram uma das castas mais altas da sociedade japonesa, senão a mais alta. E a população se perguntava o por que disso, uma vez que eles pareciam não ter muita função nos tempos modernos.

Foi então que alguém teve a ideia de criar um código de conduta, que nortearia as maneiras como os Samurais deveriam se comportar, viver e morrer, e através desses comportamentos eles poderiam mostrar a sociedade que tinham sim, muito valor e poderiam servir como exemplos.

Nesse código, a lealdade, a coragem e a disciplina são virtudes muito ressaltadas. Jamais demonstrar medo, ser sempre fiel ao seu senhor e fazer tudo da melhor maneira possível, já que você não sabe se terá a chance de fazer de novo, eram alguns dos preceitos. Porém, o que mais chama a atenção é o forte apego a honra. Para um Samurai, a vida era algo passageiro. Mas a sua reputação poderia durar por toda a eternidade. Portanto, era melhor morrer com a honra do que viver sem ela.
Seppuku

Com isso surgiu o seppuku, que é uma forma de suicídio lenta e dolorosa. Basicamente, depois de derrotado ou desonrado de qualquer outra maneira, o Samurai deveria tirar a própria vida, enfiando uma faca na barriga, e puxando-a para cima. Caso ele demonstrasse qualquer sinal de dor ou fraqueza durante o ritual, outra pessoa estaria encarregada de cortar sua cabeça, de forma a preservar sua honra. Geralmente o escolhido para essa função era uma pessoa por quem o Samurai tivesse um grande respeito ou carinho, e era considerado uma honra ser escolhido para fazer isso... Um Samurai que escolhesse viver sem a honra era chamado de Ronin. Assim também eram chamados os Samurais desempregados, que não serviam a nenhum senhor.

Esse desapego para com a vida, unido com uma lealdade cega e uma disciplina sem igual, tornaram os Samurais verdadeiras máquinas de guerra, sendo considerados por muitos os mais letais entre os guerreiros da antiguidade, incluindo os Cavaleiros Europeus, que tinham funções e um sistema de vassalagem semelhante ao dos Samurais, entretanto, não eram tão obsecados por seguir as ordens de seus senhores independemente das consequências, e costumavam ter mais amor a própria vida...

O Fim da história, mas não do legado

Soldados  na 2° guerra mundial: Repare nas espadas!
A queda do regime dos Tokugawa e a restauração Meiji, no final do Século XIX, definiu o destino dos Samurais. O sistema de castas foi extinto, o porte de espadas foi proibido e o Japão iniciou um processo de modernização completo, abrindo as fronteiras depois de vários séculos de exclusão auto imposta, e imitando tudo que achassem interessante entre os países estrangeiros, sendo que criar um exército nos moldes ocidentais foi uma das primeiras medidas. O Japão já não tinha mais espaço para os Samurais...

Mas os Samurais continuaram bem vivos tanto na memória quanto na cultura japonesa, sendo mais ou menos lembrados de tempos em tempos, e seu código de conduta ainda atrai muitos simpatizantes. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo do Japão fez algumas adaptações nesse código e ignorou alguns detalhes como o fato de que ser um Samurai era uma questão de descendência, convenceu o povo de que todos os japoneses eram Samurais, de forma a ressuscitar o velho espirito Samurai nos soldados que partiam para batalhas. Esses soldados lutavam sem medo, sem muito apego pela vida, sendo comuns ataques suicidas quando a derrota se tornava iminente, exatamente como os Samurais fariam. Foi graças a esse espirito que surgiram também os pilotos kamikaze e seus ataques suicidas. Alguns soldados partiam para a batalha portando espadas, e até pilotos das forças aéreas japonesas frequentemente levavam espadas de Samurai consigo...
Samurai X: Anime se passa no inicio da era Meiji

O suicídio através do Seppuku ainda é bem visto por boa parte da sociedade, e é um dos grandes problemas do governo atual, sendo a taxa de suicídio de jovens no Japão uma das mais altas do mundo. A disciplina e o respeito as pessoas que estão em uma posição de liderança também persiste quase que intacta na sociedade japonesa atual. Livros como “O Livro dos 5 Anéis”, escrito pelo legendário Samurai Miyamoto Musashi, entre outros, se tornaram hits entre executivos no mundo todo. O livro contando a história de Musashi, aliás, é o romance mais vendido no Japão em todos os tempos.
Falando em livros, são comuns os livros que exploram esse tema, além de desenhos, filmes, séries, games, músicas, além de festivais e outras comemorações e expressões culturais, tanto no Japão quanto em várias outras partes do mundo.

Com tudo isso, pode-se dizer que, se eles não existem mais como classe social ou como guerreiros, ainda estão muito vivos na sociedade atual. E permanecerão vivos por muito tempo ainda...

 Para saber um pouco mais, clique aqui e leia a nossa postagem sobre o Shinsengumi, um dos últimos grandes exércitos de Samurais da história!


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