Ah, o amor está no ar. Hoje, dia 12 de Junho é o dia dos
namorados e eu estou aqui para te lembrar de que pelo menos o seu videogame
ainda te ama.
Mentira, não vou fazer isso, também não vou ficar devaneando sobre o amor, e o foco desse texto na verdade
está na pura cornetagem (giria para "falar mal, muitas vezes sem motivo") sobre a maneira como as pessoas encaram esse dia. Parece que o amor não está no
ar, está na cabeça, e principalmente no ego, das pessoas. Já reparou nos seus amigos nessa época do ano?
Aqueles amigos pombinhos lembram-se do quanto vivem relacionamento é lindo,
apesar das brigas e outras dificuldades afins, e os solteiros, dependendo do perfil,
desdenham de relacionamentos, exaltam as qualidades da solteirice, ficam
carentes e saudosistas, ou começam uma campanha desesperada para arrumar alguém
para trocar presentes. Vale tudo, desde finalmente dar bola pra aquela pessoa que
foi esnobada o ano inteiro, fazer campanha no Facebook, frase provocativa no
MSN, mudar o penteado e usar roupas mais coladas (ou não). E mais recentemente,
fazer a festa de agencias de namoro e sites de relacionamentos (sites
especializados em formar casais, não confundir com redes sociais).
Esses sites, pra você que tem uma vida e nunca precisou
disso (brincadeira), funcionam mais ou menos como aquele programa do Silvio
Santos, “Em Nome do Amor”. Na prática é tão brega quanto, mas não tem a parte
de se expor diante de milhões de pessoas do Brasil inteiro, o que diminui em
várias ordens de magnitude o fator “mico” dessa estratégia.
Falando em estratégias inusitadas, isso é o que não falta,
pois como sabemos bem, a criatividade do ser humano é ilimitada quando o
assunto é “mico”. Temos desde coisas pequenas como correntes de email, até
declarações mais espalhafatosas envolvendo mexicanos, faixas na entrada da
cidade, serenatas cantadas com toda a desenvoltura de um típico cantor de
chuveiro e todas essas coisas que fazem o “diferencial” desses carros de
mensagens de amor. A propósito, se você alguma vez na vida já cogitou ligar
para um desses para homenagear o seu amor, espero que esteja completamente
sozinho e esquecido nesse dia dos namorados. Bem feito.
Dependendo da ótica, o dia dos namorados é como um dia das
crianças: Quando somos crianças, ganhamos presentes e ficamos com a duvida de
que, se no ano que vem, voltaremos a ganhar. Se você deixar de ganhar um ano,
acabou. No dia dos namorados, é igual, com a diferença de que se você não
ganhou, no ano que vem você pode dar a volta por cima.
O efeito dia das crianças continua quando as pessoas ganham
presentes: Algumas se gabam de como são amadas e exibem seus maravilhosos
presentes por ai. Outras não ficam tão exibidas, mas continuam se exibindo pelo
simples fato de terem ganho presentes, e afirmam (geralmente com razão), que a
intenção é o mais valioso. E tem os que não ganham presentes, que não se exibem
pra ninguém. Aliás, alguns até tentam.
Você muito provavelmente tem algum amigo que pensa que é o
James Bond. Na cabeça dele, onde quer que ele vá, pode ter a mulher que quiser
bastando dizer o seu nome de forma pomposa. Ou algo do tipo. Das duas uma: Ou
ele vai gabar-se de não precisar dar presente pra ninguém, ou, em casos de ser
um Bond mais oportunistas, se aproveitará da carência coletiva para conseguir
alguma coisa. Não se engane: Na maioria dos casos, tratam-se de meros Jhonny Bravo’s,
querendo viver um amor enquanto bancam os garanhões.
Também temos o efeito “o que ela / ele tem?”. É o popular: “Pô,
mas até fulana (o) é feliz no amor e eu não consigo desencalhar!”, aquele
momento em que seu ego começa a desconfiar que seu status no perfil do Facebook
não casa com a imagem que ele vê no espelho. É um nó emocional que a pessoa se
dá, um verdadeiro paradoxo: A pessoa consegue, ao mesmo tempo, sentir pena de
si mesma e ser arrogante.
O dia dos namorados, hoje em dia, se parece mais como um
remédio que desperta o lado adolescente egocêntrico das pessoas. Se você tem um
namorado (a), está completo. Se não tem, não está nas paradas. E é aberta a temporada
de caça ao amor, assim como no Natal todos ficam caridosos, e no dia das mães
todos valorizam a sua senhora. Pra você que sente-se triste por estar sozinho,
e principalmente, pra você que correu atrás de um amor para não passar esse dia
sozinho (a), vou dizer o que sempre digo: Se uma data define a maneira como
você age ou como você é, bom, talvez seja a hora de rever algumas coisas.
O ruim não é estar sozinho, nem mal acompanhado. O pior é estar sozinho e mal acompanhado. Se é que você me entende...
Ah, antes que eu me esqueça: Não leve tão a sério um dia que é comemorado na data errada...
Ah, antes que eu me esqueça: Não leve tão a sério um dia que é comemorado na data errada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário