domingo, 8 de julho de 2018

Videogames NÃO são divertidos.

"Tomei gol nos acréscimos de novo!" 
Essa é uma conversa que eu gostaria de ter com você que não joga videogame, mas convive com alguém que joga.

Há um detalhe inerente aos videogames que você provavelmente nunca percebeu, e tudo bem, porque a pessoa do seu convívio que joga videogames possivelmente também não deve ter se dado conta disso:
Videogames não são divertidos.
Não são.
Ok, em alguns momentos até são, mas eu diria que 90% do tempo dedicado a um jogo se resume em sensações muito mais próximas da tensão, raiva e frustração do que a noção convencional de "diversão".
Embora seja natural fazer essa relação, jogar um game não te entretém da mesma forma que assistir um seriado ou ler um livro.
Há pouquíssimo ônus envolvido em assistir um seriado: Você basicamente escolhe, senta em frente a TV e assiste até não aguentar mais.

Jogos, por outro lado, exigem esforço. Esforço mental e, acredite se quiser, físico.
Normalmente trata-se de horas, horas, horas e horas (que somadas se traduziriam em dias, meses ou até mesmo anos) em busca de um objetivo auto-traçado e as vezes até inconsciente. E o pior é que o roteiro não está escrito: Você pode, ou não, conseguir esse objetivo no final.
Não, não é divertido passar horas matando verdadeiras hordas de Zubat's em cavernas. Em muitas oportunidades eu desejei que a Cammy saísse da tela e desse porrada em mim pela minha imperdoável incompetência e eu tenho certeza que quem joga games de futebol já sofreu revezes mais dolorosos e marcantes na vida virtual do que 99% das derrotas do time do coração na vida real (ainda hoje lamento uma Libertadores que perdi para o Boca Juniors no último minuto, provavelmente em algum momento de 2014).

Pergunte a qualquer jogador se a frase "vou jogar para relaxar" faz o mínimo de sentido na prática. Isso não existe.
"Nossa, que drama. Se perder, é só tentar de novo" é um pensamento que parece lógico, mas nem sempre é. Há oportunidades em games que só acontecem, literalmente, uma vez na vida. Há outras que demoram tanto para ser alcançadas que tentar de novo seria uma tortura. Há coisas que simplesmente não volta, o famoso: "Perdeu já era". E ainda há coisas que o cara até pode tentar de novo se quiser, mas o orgulho fala mais alto.

E é explicitamente aqui que eu queria chegar: A próxima vez que você ver uma pessoa enfurecida ou entristecida por causa de um game, mostre um pouco mais de empatia.
Provavelmente há algo na sua vida com a qual você gasta seu tem

Pra você pode ser uma bobagem, mas pra nós, não é. Houve esforço, dedicação e carinho pra chegar até ali.
Se a pessoa falar que não dá pra pausar, é porque não dá. Se ela explodir em palavrões e socos na almofada, pode acreditar, aquela raiva é genuína. Suspirar, levantar-se, desligar o videogame e sair sem dizer uma palavra.

Você pode até achar que é apenas um game que não vale nada, mas investimos horas de nossas vidas naquele jogo, que podem ser em vão dependendo de um apertar de botão errado.
E por acaso existe algo mais valioso do que o tempo que nós temos disponível pra viver e dedicar às coisas que gostamos de fazer?
Pra mim esse é o maior tesouro que temos.

po, se dedica e se importa não por ser uma obrigação, mas simplesmente porque você quer. Imagine o trabalho de meses ruindo diante dos seus olhos em questão de segundos. É isso. 

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