quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Por que o Titanic afundou?


  Todos nós estamos sujeitos a sofrer acidentes. Todos nós estamos sujeitos a errar. E todos nós estamos sujeitos a cometer um erro que resulta em algum acidente. Mas certos acidentes podem ser evitados. E certos erros são óbvios demais para serem cometidos. E, certamente não por coincidência, os maiores acidentes tendem a ser causados pelo maior conjunto de erros possível.

Quando pensamos em grandes acidentes, não demora muito para lembrarmos de uma das maiores tragédias da humanidade: Titanic. O navio que supostamente nem Deus poderia afundar. E que afundou na sua primeira viagem.

Estamos falando de um exemplo clássico de acontecimento puramente acidental. Bater em um Iceberg certamente é um acidente. Mas esse foi um acidente que podia ter sido evitado. Ou no mínimo, suas consequências podiam ter sido minimizadas. Quer saber como? Então todos a bordo: Vamos analisar os pecados capitais que levaram o lendário Titanic pro fundo do mar...


1 – A Soberba

O Titanic foi construído pela empresa White Star Line. A idéia era construir o maior e mais luxuoso navio do mundo, para competir com os navios da empresa concorrente, a Cunard Line. O Titanic era o segundo de uma série de 3 navios, nomeadamente, o Olympic, que já estava pronto e já operava quando o Titanic foi inaugurado, e o Britannic, que ainda estava em construção. O Titanic cumpriu o que prometia e realmente era o maior, mais avançado e mais luxuoso navio da época. Aliás, ele era tão luxuoso que surpreendia até os mais otimistas e ricos, superando todas as expectativas. Viajar nele, em sua viagem inaugural para de Southhampton para Nova Iorque era mais do que simplesmente cruzar o oceano, era uma demonstração de status.

Isso tudo criou um sentimento de soberba, tanto nos donos da empresa, como no capitão do navio e nos projetistas. Realmente o Titanic era o navio mais moderno na época, mas isso estava longe de fazer com que a famosa frase dita por um de seus projetistas, que afirmava que “Nem Deus pode afundar esse navio”  fosse verdade. O navio estava sujeito aos mesmos perigos que os outros. Como prova, está o fato de que, tão logo aportou, o Titanic quase se envolveu em um acidente com o SS New York, outro navio que estava aportado nas proximidades. O incidente atrasou em uma hora a partida do Titanic.
Esse sentimento de que o navio era inafundável foi responsável por um dos maiores erros do Titanic: O navio fora projetado para levar botes salva-vidas suficientes para todos os seus passageiros. No entanto, os responsáveis julgaram que seria desnecessário levar tantos botes, já que eles jamais seriam usados. O navio partiu levando apenas 16 botes, o mínimo permitido pelas leis de segurança navais da época, e um número pífio comparado com os 48 que o Titanic poderia transportar...

2 – A Teimosia

A viagem seguia aparentemente tranquila naquela noite de 14 de Abril. Porém, o navio passava por uma região onde haviam muitos Icebergs. Sabendo disso, o comandante do Titanic ordenou que os vigias redobrassem a atenção e que usassem binóculos. Nada de errado até então. O grande problema é que simplesmente não encontraram binóculos para os vigias!

Eles tiveram que continuar patrulhando o mar confiando apenas na sua visão, "nua". Mesmo assim, para manter o cronograma da viagem, eles decidiram continuar, quase às cegas, numa região potencialmente perigosa. O navio se deslocava rápido, cerca de 23 nós, e era muito pesado. Não demorou muito para uma sombra mais escura do que o mar aparecer diante deles. Eram cerca de 23:40 quando isso aconteceu. Graças ao fato dos vigias não terem binóculos, ela só foi identificada quando já estava muito próxima, problema que, agravado pela velocidade do navio, fez com que o enorme iceberg só se revelasse momentos antes de uma colisão que, considerando as características de “campo minado” da situação, era óbvia que cedo ou tarde aconteceria...

3 – O Despreparo

Os sinais de alerta tocaram e os comandantes tinham que tomar decisões rápidas: Não levaria mais que alguns segundos para que o navio se chocasse com o iceberg. O grande problema foi que, talvez movidos pelo desespero, talvez pelo fato de ser uma situação incomum ou simplesmente por ninguém estar preparado para isso, as decisões tomadas foram as piores possíveis.

Ordens foram enviadas à todos os pontos do navio que respondiam por definir sua movimentação. Não convém explicar uma por uma, mas basicamente, elas diziam para virar o navio para o lado oposto ao do iceberg e engatar a marcha ré. Parece algo bem óbvio à primeira vista e teria funcionado com a maioria dos navios. Mas na prática, com um navio gigante como o Titanic, isso não era algo muito inteligente. Primeiro, porque a própria corrente que as hélices geravam facilitavam o manuseio do navio. Quando foi engatada a marcha ré, essas correntes se inverteram e o navio passou a responder aos comandos muito mais lentamente: Estímasse que ele tenha virado 75% menos do que teria virado se os motores ainda estivessem operando no sentido normal.
Para piorar, o navio era grande e consequentemente pesado demais para parar assim tão rápido. Seria fácil parar o navio se tivessem visto o obstáculo com antecedência, mas uma vez que ele só foi visto encima da hora, engatar a marcha a ré era um esforço inútil. Só serviu para impedir o navio de virar.

Na prática, se os condutores tivessem optado por manter a velocidade ao invés de tentar diminuí-la, o Titanic poderia ter simplesmente virado e contornado o iceberg sem maiores problemas. Passaria perto, mas dificilmente o atingiria. O mais incrível é que o simples ato de não fazer nada poderia ter salvo o navio também: Se o Titanic tivesse atingido o iceberg de frente (e não de lado, como atingiu), uma área muito menor teria sido danificada, apenas dois compartimentos teriam inundado, e esses poderiam facilmente ser trancados e isolados, permitindo que a viagem continuasse sem maiores problemas...

4 – O Socorro

Demorou um pouco ainda para que o comandante realmente aceitasse que o navio afundaria. Mas quando ficou claro que o pior era inevitável, foram emitidos sinais de SOS pelo rádio do Titanic. Foi a primeira vez que um navio usou uma transmissão de rádio para pedir socorro. E foi um desastre.

O navio que prestou socorro ao Titanic, o RMS Carpathia, estava à 4 horas de distância do local do acidente, ou seja, chegou bem depois que tudo já tinha acabado, uma vez que o Titanic levou cerca de 2 horas para afundar completamente.

O grande problema é que navegando naquela mesma região havia um navio que, de tão perto que estava, era visível! Esse navio (provavelmente o SS Californian) não atendeu o chamado por um motivo muito simples: O responsável pelo rádio estava dormindo e desligou o aparelho... Na época não era obrigatório que houvesse alguém sempre à postos para receber esses sinais. Depois desse acidente, passou a ser.

Não fosse o bastante, há quem diga que havia um outro navio nas proximidades. Esse segundo navio não teria atendido por ser um navio norueguês que estava viajando ilegalmente...

5 – A Evacuação

As pessoas começaram a ser evacuadas, usando os seguintes critérios: Primeiro, a classe na qual viajavam. A partir dessa, tinham prioridade as mulheres e as crianças. Como isso limitava o embarque às classes mais altas, que eram, naturalmente, minoria, e algumas mulheres ainda se recusavam a embarcar sem seus filhos e maridos, os primeiros botes foram lançados ao mar consideravelmente vazios. Quando começaram a incluir homens solteiros como prioridade, os botes passaram a ficar mais cheios.

Enquanto isso as pessoas da terceira classe estavam trancadas no grande salão destinado eles. Alguns, no desespero, resolveram se aventurar pelos corredores do navio em busca de alguma saída. E entre esses, un poucos sortudos realmente conseguiram escapar.
Paralelo a tudo isso, a banda continuava a tocar, numa tentativa de acalmar um pouco os ânimos.

Os botes só começaram a partir realmente cheios quando todo mundo viu que não teria jeito: O navio estava “vivendo” seus últimos minutos. Mas ai aconteceu o contrário do que vinha acontecendo até ali: Agora para entrar em qualquer um dos botes era preciso encarar um tumulto. Foram precisos tiros para o alto, aliás, afim de conter a multidão...

6 – A Espera

O iceberg que acredita-se ter sido o "culpado"
A temperatura da água estava em cerca de 0,5° e haviam centenas de pessoas jogadas nela, lutando para sobreviver, se agarrando à qualquer coisa que flutuasse. O que era inútil, já que essa temperatura poderia matar qualquer um de hipotermia em apenas 20 minutos. Os botes no entanto ficaram lá parados, distantes do pandemônio de pessoas jogada na água, esperando o resgate, por mais de duas horas depois que o navio afundou. Apenas um bote voltou para procurar sobreviventes. Apenas 6 pessoas foram resgatadas...

No total, das 2.223 pessoas que embarcaram no Titanic, apenas 706 sobreviveram....

7 – A Premonição

Isso não pode ser considerado de fato um dos erros, mas é digno de nota: 14 anos antes da tragédia, o escritor Morgan Robertson escreveu um livro chamado “Futilidade”. O livro contava uma história fictícia sobre um navio chamado “Titan”, considerado indestrutível, e que naufragou em sua viagem inaugural, numa noite fria de Abril, depois de colidir com um iceberg, exatamente igual o Titanic. Não apenas isso, como a capacidade do navio e o número de mortos bate de forma assustadora com o que aconteceu com o Titanic real 14 anos depois... Uma coincidência incrível. Ou, para muitos, uma premonição do que viria a acontecer...

2 comentários:

  1. É visivel que foi um conjutos de erros, todos levados pelas soberba de seus projetistas.
    Belo texto amigo

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  2. Muito bom o Texto, sou fascinado pela Historia do Titanic!

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