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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Lista de Compatibilidade do adaptador para cartão SD do Sega Dreamcast (porta serial)

Hoje em dia há várias opções para rodar jogos no Dreamcast sem necessariamente precisar do disco do jogo. Existe o GD-Emu e o Mod Ide, por exemplo.

Entretanto, uma das formas mais "simples" e baratas é usar um desses adaptadores para cartão SD que são encaixados na porta serial do Dreamcast. Esse adaptador é fácil de encontrar na internet, não exige nenhuma modificação no seu console e custa pouco, mas, é claro, não é perfeito.

Como o adaptador utiliza a porta serial do Dreamcast, que não foi feita pra isso, há problemas de compatibilidade e velocidade em muitos jogos, pra não dizer na maioria.

Porém, é possível rodar alguns jogos com boa qualidade e se divertir muito com o adaptador, sim. Ao longo de um bom tempo, com muita paciência e tentativa e erro, consegui encontrar um bom grupinho de jogos que jogo nele, e venho aqui fazer uma pequena lista para ajudar outros donos de Dreamcast.

Essa lista é colaborativa, se souberem de mais algum, deixem nos comentários por favor! 


Em primeiro lugar, para fazer os jogos funcionarem, eu segui este tutorial e estarei assumindo que você o seguiu para converter seus jogos e configurar também. Lá você encontrará mais informações sobre o adaptador em si, então se você está pensando em comprar um, recomendo dar uma olhada lá, e só depois conferir o que escrevi aqui.

Em segundo lugar, evidentemente, eu não me responsabilizo pelo seu Dreamcast, seu adaptador, e principalmente, por qualquer decepção que você venha a ter. Só posso garantir que esses jogos funcionaram no meu Dreamcast de forma satisfatória pra mim. 

Em terceiro lugar, apesar de ter problemas com jogos comerciais, o adaptador pode ser muito interessante para rodar homebrews e emuladores, como por exemplo, o emulador de Super Nintendo e o emulador de Neo Geo.
Mais recentemente, o adaptador se tornou uma ótima opção para rodar os games convertidos da placa Atomiswave para o Dreamcast. 

Agora, sem mais delongas, vamos aos jogos!

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Super Nintendo rodando no Dreamcast via cartão SD

Boa pessoal.
Quem me conhece sabe que eu sou um grande fã do Dreamcast.
Lá nos idos de 2003, quando já faziam dois anos que a Sega tinha jogado a toalha, os jogos mais interessantes do Dreamcast começaram a simplesmente acabar pra mim. Foi então que eu descobri uma das facetas mais interessantes do console: Sua incrível capacidade para emulação.

No Dreamcast eu joguei centenas de jogos de inúmeros consoles, desde o Neo Geo Pocket até o Playstation. E um dos emuladores mais legais era o emulador de Super Nintendo, na época o tal DreamSnes que me deixava no clima natalino o ano todo.

Bom, os anos passaram e muita coisa evoluiu também na emulação do Dreamcast. Hoje em dia você nem precisa mais gravar um CD com o emulador e jogos, pode simplesmente colocá-los no cartão SD e rodá-los direto de lá com a ajuda de um adaptador. A emulação de SNES também evoluiu bastante (apesar de não ser 100% perfeita).

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

6 Jogos incríveis e esquecidos de Game Boy

 Vocês sabem o que é escolher um game pela capa?
 Quem é mais das antigas vai reconhecer esse cenário: Você chega na loja de games e vê aquele monte de cartuchos. O problema é que não existe You'Tube ou Twitch, e você nunca viu nenhum daqueles jogos em nenhuma revista Gamers ou SuperGamePower. Te resta confiar na intuição e escolher seu jogo praticamente as cegas - ou não, já que a única informação que você tem é justamente a capa do jogo.
 E você tem pouco dinheiro. Muito pouco dinheiro. Tipo, 20 reais que você teve que chorar pra sua mãe te dar. Nesse cenário, um cartucho "multijogos" desses 100% piratinhas era tentador. Algum dos tais 999999 jogos haveria de ser bom, correto?

 E foi assim que eu acabei comprando uma verdadeira pérola do Game Boy. Se eu pudesse dar um nome para aquele cartucho, eu o chamaria de "Cartucho com jogos de Game Boy que ninguém jogou, mas todos deveriam". E os jogos eram mais ou menos esses aqui:

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Pokémon Go é o primeiro jogo da série Pokémon?

 Pokémon Go foi um dos maiores fenômenos envolvendo games que se tem notícia.
 Desde a "pokéfebre" do final dos anos 1990 / começo dos anos 2000, não se falava tanto de Pokémon

 Agora que a loucura parece ter se acalmado um pouco, talvez seja hora de falar sobre algo que nem todos se atentaram no jogo. Muito além das hordas de Rattata e Zubats, além dos CP e Lucky Eggs, existe uma informação chave em Pokémon Go que pode mudar a forma como você olha para os monstrinhos de bolso: Pokémon Go é o primeiro jogo da ordem cronológica da série. É onde todo o mundo Pokémon começou. 
 Prepare-se para conhecer a verdade por trás do mundo Pokémon e talvez, apenas talvez, daquilo que nos espera no futuro:

sábado, 8 de outubro de 2016

Helio Gracie em Street Fighter

Todo praticante de Jiu Jutsu, todo lutador e todo entusiasta de esportes como o UFC já deve pelo menos ter ouvido falar no Hélio Gracie, o lendário idealizador do jiu jutsu brasileiro que faleceu aos 95 anos em 2009.
Hélio é a inspiração óbvia do personagem mais poderoso de toda a franquia Street Fighter: Oro.
Oro inclusive luta com o braço direito amarrado, posicionado como se fosse uma tala ortopédica improvisada, numa referência óbvia a famosa luta contra Masahiko Kimura, no Maracanã, em 1951, onde Hélio aguentou 18 minutos com o braço imobilizado sem desistir (algumas fontes da época afirmam que o braço inclusive quebrou).
Na história do jogo, Oro luta com o braço dominante amarrado simplesmente para que as lutas fiquem mais divertidas, uma vez que se usar os dois braços pode finalizar qualquer adversário com muita facilidade. O que deve ser verdade, uma vez que nem mesmo o Akuma foi capaz de fazê-lo usar as duas mãos.
A biografia do personagem afirma ainda que Oro nasceu no Japão e veio para o Brasil durante a imigração japonesa do começo do século passado, e aqui encontrou a verdadeira força e a felicidade, e nunca mais foi embora. O que por sua vez pode ser encarado como uma homenagem a comunidade nipo-brasileira.
Muito mais do que Blanka, Laura e Sean, Oro é a maior homenagem que a Capcom fez aos brasileiros em toda a franquia. Personagem de Street Fighter III, há rumores que estará disponível na segunda temporada de Street Fighter V, em 2017. É esperar pra ver.
"Você se diz o mestre do punho, e isso me incomoda. O caminho para a maestria é muito mais longo do que você imagina. Prepare-se, você vai dar o primeiro passo agora..."
- Antes de sua luta contra Akuma.

sábado, 14 de maio de 2016

O maldito Handicap do Fifa

Nota rápida: Recomendo essa trilha sonora para a melhor ambientação da leitura a seguir

Meu primeiro Fifa foi ainda no Mega Drive, Fifa 96. A capa com dois jogadores que eu não sabia quem eram (e até hoje não sei, embora já tenha pesquisado seus nomes) disputando a bola, a primeira vez que eu vi os nomes reais (da maioria) dos jogadores dos meus times favoritos, a primeira vez que eu vi que era possível jogar com os times brasileiros... O dia que eu comprei esse cartucho eu jamais vou esquecer.

Venho jogando games de Futebol a vida toda desde então (não só Fifa, joguei muitos outros, como as séries Virtua Striker e Winning Eleven, ou PES), mas em agosto de 2015 eu tomei uma decisão: Não vou mais comprar ou jogar esse tipo de jogos.

O motivo é bem simples: Ao invés de me divertir jogando, eu estava era me estressando. Mais raiva do que com futebol real. Coisa de jogar o controle no chão e tomar prejuízo. E o motivo não é apenas minha falta de habilidade, é algo muito além disso. Seu nome, que causa calafrios naqueles que o conhecem, e descrença em tantos outros, também é o responsável pela maior polêmica do futebol mundial, e talvez a maior teoria da conspiração do mundo dos games: O Handicap da série Fifa (também conhecido como scripting). 

quinta-feira, 17 de março de 2016

Será mesmo?

Pessoas, vamos ter um papo sério, mais importante até do que política? Olha, eu não quero desiludir vocês mas POR FAVOR, vocês precisam URGENTEMENTE parar de acreditar em qualquer textão que aparece no Facebook.
PAREM DE SER REPLICADORES E COMECEM A SER QUESTIONADORES, PELO AMOR DE DEUS.
Essa história do Tiririca é mentira. 
Não há qualquer citação do nome do deputado na delação premiada, nem para o bem, nem para o mal. Essa história de que ele recusou 500 mil nunca aconteceu.

Sabemos que ele (aparentemente) é um dos poucos políticos honestos do nosso Brasil e que ele surpreendeu a todos, pois muitos tinham preconceito com ele. Não quero por a idoneidade do deputado em questão aqui. Mas repassar essa história é repassar uma mentira. Nunca aconteceu. Nem a história, nem a citação. Ponto.
Isso é só um exemplo de literalmente dezenas que eu poderia ter escolhido nas minhas redes sociais só hoje, dia 17 de março de 2016.
Gente, NÃO! Parem, pensem, reflitam, não apenas repitam!
Chuto que pelo menos uns 45% do meu Facebook deve ter no mínimo cursado por um ou dois semestres algum curso de nível superior.
Desculpa, mas alguns de vocês não aprenderam o básico, o mais importante de tudo, que é sempre checar a veracidade da informação antes de repassar.
E na minha opinião, NINGUÉM deveria ter diploma de nível superior sem ter aprendido isso. Um médico, professor, engenheiro, advogado ou seja lá o que for que não tem por hábito questionar as informações que chegam a ele é um profissional em quem não se pode confiar. Deveriam voltar pra sala de aula e tentar de novo, pois falharam num dos pontos principais de um curso superior quaisquer: Não aprenderam a filtrar o que é informação e o que é lixo.
Confesso que ando me decepcionando com algumas pessoas no Facebook e outras redes sociais, não pela posição política, pois cada um tem direito à suas preferências e eu respeito, mas sim, pela falta de cuidado ao repassar informações mentirosas e perpetuar boatos e mentiras que pipocam na velocidade da luz em nossas timelines.
Pessoas esclarecidas, que com certeza, são mais inteligentes que isso.
Que não deveriam acreditar em mentiras repetidas até que se tornem verdades.
Seja você a favor da Dilma ou do Impeachment, do PSDB ou do PT, de Deus ou do Diabo, do Burguer King ou do Mc Donald's, da Puta que o Pariu ou do Raio que o Parta, do fundo do meu coração eu te peço apenas uma coisa:
Leia, e antes de clicar em compartilhar, faça-se a si mesmo uma pergunta simples de duas palavras-> "Será mesmo?"
Esse post é mais que um pedido. É um desabafo. 

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O dia que os videogames foram parar no consultório do dentista

Da série: Profundezas mais sórdidas do mundo dos games. O último videogame da Atari foi o Jaguar, lançado na época do Super Nintendo e Mega Drive, a chamada geração 16 bits. O Jaguar por sua vez, tinha nada menos que 64 bits. Mas mesmo assim, não fez muito sucesso e acabou sendo descontinuado e a Atari abandonou o mercado de consoles pra sempre.
O que pouca gente sabe é que no final alguém achou uma utilidade pra ele: Após o final da produção do console, uma empresa fabricante de aparelhos dentários acabou comprando os moldes de injeção das carcaças e a reaproveitou na fabricação de câmeras intra-orais (não entendo de odontologia, não sei se essa é a melhor tradução ou mesmo se é correta). E eles realmente não mudaram nada e acharam uma maneira de aproveitar tudo: A entrada de cartuchos virou uma entrada para uma espécie de cartão de memórias, por exemplo.
O curioso é que a propaganda dizia algo como: "Cada detalhe do design foi criado com você, o dentista, em mente! Emoticon confused_rev


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Como se cria um terrorista?

Você sabe como você convence um adulto a amarrar uma bomba no corpo e explodir a si mesmo e a um monte de inocentes em nome de uma crença? É bem simples:
Você não convence. Com raras exceções, você faz isso na infância. É na fase de formação de caráter que você pode colocar qualquer coisa na cabeça da pessoa e ela tende a realmente se tornar aquilo que você diz que ela seja.
Sem escolha. Sem reflexão. Sem opção.
É por isso que eu sou contra os pais que obrigam seus filhos a seguirem a sua religião. Seja ela qual for. Eu sei que sua religião não comete (mais) essas atrocidades. Eu sei que você cria seus filhos do jeito que achar melhor. Mas eu não concordo. Respeito, mas não concordo.
Ensinar valores a uma criança e até o benefício da fé, tudo bem. Doutrinar a criança com o mesmo fanatismo com o qual você segue é outra situação bem diferente.
Não existe criança católica. Nem criança evangélica. Nem criança umbandista. Elas nunca tiveram escolha. Estão lá porque os pais lhes disseram que a sua religião é a certa.
Dizer que os filhos de um evangélico são crianças evangélicas, ou os filhos dos católicos são crianças católicas, abre margem para que se chame os filhos dos terroristas de crianças terroristas. Eles também não escolheram estar ali. Apenas estão seguindo aquilo que seus pais disseram que é certo. Você pode achar que seguir sua religião é o melhor para as crianças e que não há mal nenhum naquilo. Mas saiba que os terroristas pensam exatamente a mesma coisa. É aí que está o perigo.
E são crianças. Página em branco.
Meu apelo não é que você nunca leve seu filho na igreja. Não. Apenas que não o OBRIGUE a seguir nada. Não o faça andar, falar, agir e se vestir como uma miniatura de você mesmo. Não o faça seguir a risca o que seu padre ou pastor diz que os fiéis devem seguir: Deus não disse que o Reino dos céus pertence as crianças? Deixem que sejam crianças, livres das rédeas severas da religião (o que não deve se confundir com livres de regras, limites ou uma direção moral).
E deixem que elas escolham.
Não faça com o seu filho o que os pais das crianças do Estado Islâmico fazem com os deles.
Obrigado.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O vendedor ganancioso

Recentemente me aconteceu algo que poderia ter sido filmado e usado em cursos para vendedores iniciantes.
Fui à Santa Efigênia em busca de um Nobreak. Andando por lá, vi, ainda antes de entrar na loja, um modelo com a potencia que eu precisava a um preço que cabia no meu bolso.
Entrei. Perguntei sobre nobreaks ao vendedor e ele de cara me ofereceu um produto que custava quase um mês do meu salário, sem sequer saber se eu tinha a mínima necessidade daquela usina nuclear no meu quarto. Eu disse que não podia pagar por um daqueles e queria um modelo mais simples. Ele me mostrou um que custava o dobro do valor do que eu estava interessado. Insisti que ainda era muito, e ele disse que podia parcelar pra mim em 10x. Tudo isso enquanto eu olhava fixo o modelo que eu queria e ele fingia que não existia.
Obrigado, mas não, obrigado.
Sai e entrei numa loja a uns 10 metros dali. A moça que me atendeu, antes de me mostrar qualquer aparelho, perguntou o que eu ligaria nele. Depois fez uma rápida conta de cabeça (ou fingiu que fez) e me mostrou os modelos compatíveis, que incluía o que eu havia visto na outra loja. Ela me disse que aquele talvez não desse conta, pensou mais um pouco e disse que se eu quisesse podia levar e testar, caso eu não gostasse, poderia voltar e trocar por outro. Me deu algumas dicas de utilização e fechou meu pedido. (vou até fazer um merchan gratuito aqui: A vendedora se chamava Camila, se não me engano, na loja Enerpic Eletro Eletronicos, que fica na Rua Aurora).
E essa é resumidamente a diferença da atitude gananciosa que espanta o cliente pra sempre e a atitude honesta que vai fazê-lo lembrar da sua loja quando precisar.
Não seja o vendedor da primeira loja. Não vale a pena. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A melhor lutadora da escola

Festa do dia das crianças: Depois das crianças passarem a manhã jogando Just Dance até não aguentarem mais, coloquei um pouco de Street Fighter IV pra matar aqueles últimos 25 minutos depois da pausa pro lanche, antes deles irem embora (sim, eu cuido da sala de games, surpresos? Não).
Tinha um menino com um pouco de noção do jogo ganhando as partidas. Havia ganho 3 seguidas já: Não vai ficar rico ensinando a fazer combos no YouTube, mas em terra de geração Minecraft, quem sabe o Hadouken é rei.
Então chegou a vez de uma menina, bem pequena, que estava lá mais por curiosidade que por convicção: Ela não tinha a menor intimidade com o controle, ao ponto de eu ter que explicar a ela como usar e pra que servia o botão direcional.
Mas Deus não desampara seus filhos em horas de fraqueza, não! Por um capricho do destino, a menina escolheu justo o Balrog (boxeador) em meio aos 44 personagens do jogo. Que menina escolhe o Balrog? Uma que não faz a menor ideia do que está fazendo, claro.
No começo da luta ela estava testando as funções dos botões (e o moleque batendo), até que aconteceu um ponto de virada nessa história: Ela descobriu o soco forte do Balrog.

domingo, 1 de novembro de 2015

Meninos, eu vi: O último dia do Sega Dreamcast

   Nada pode ser mais rápido que a luz. Essa afirmação costumava ser verdadeira até um tempo atrás, e a minha geração talvez tenha sido a última a acreditar nisso. Claro, todos sabemos que a luz é rápida. Mas nada como o Twitter. Nada como o Whatsapp: A informação, meus amigos de 2015, é a última fronteira em termos de velocidade. Hoje em dia ela voa - e voa rápido.

  Mas em um tempo não tão remoto, embora, veja só, um tempo em que meus alunos nem eram nascidos ainda (droga, detesto textos que me lembram como estou velho) a informação chegava devagar - especialmente a informação importante de verdade: a informação sobre os games. Provavelmente ela vinha a cerca de 20 km/h, com o tiozinho na motocicleta velha, que abastecia as bancas de jornal daqui com as revistas da época.

  Eramos informados ou desinformados por revistas semanais, as vezes, mensais. Que muitas vezes chegavam semanas (ou meses) depois da época em que foram escritas (já que games eram, bom, apenas games). As revistas tinham suas preferências e focos específicos. Muitas vezes nem davam de fatos notícias: Eram apenas amontoados de reviews (alguns deles bastante tendenciosos), previews, dicas e detonados - que pra uma geração inteira de jogadores que cresceu sem internet, era o que importava. Notícias como a situação financeira das empresas raramente tinham espaço, até porque, o grande público daquelas revistas eram justamente a molecada, que não queria saber de nada disso - só queriam um detonado do Resident Evil mais novo para seguir.

 Corria o ano de 2000 e também corria o carnê das Casas Bahia. Minha mãe havia, com muito esforço, conseguido parcelar o tão sonhado Sega Dreamcast para o seu filho único (no caso, eu), que estava literalmente vivendo um sonho: Pela primeira vez, seu videogame era o assunto das capas das revistas (quanto glamour) e invejado por todos os amiguinhos (quanta ostentação), um verdadeiro "next gen" numa época em que ainda nem se usava esse termo: Ele era um 128 bits e ponto.

 Se algum dia realmente houve uma Guerra de Consoles, esse dia aconteceu em algum momento dos anos 1990: A Sega e a Nintendo realmente atacam uma a outra em suas propagandas (e não só nas propagandas), a Sony tomou dois bolos e depois deixou todo mundo comendo poeira e talvez a frase da moda fosse "No amor e nos games vale tudo", já que a Guerra tem lá seus tratados internacionais para regular. Alguém pode argumentar que há uma guerra dos games rolando hoje mas não há: Hoje em dia as empresas mantém boa relação e quem fica discutindo são os fãs na internet. Naquela época a história era outra.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Entendendo a história e a cronologia de Street Fighter

 No momento em que escrevo esse texto, estamos (provavelmente) a um ano de distância do lançamento de Street Fighter V, a sequência da série de jogos de luta mais influente do mundo.

 Temos muita coisa pra especular sobre o novo jogo, incluindo a pergunta do milhão: Em que momento da cronologia da série a Capcom vai encaixar esse novo jogo? A pergunta é menos óbvia do que parece, visto que com o passar dos anos a Capcom deixou a maioria dos jogadores simplesmente perdida em relação a história oficial dos jogos - afinal de contas, em Street Fighter, depois do 1 não vem o 2, depois do 2 não vem o 3, e depois do 3 não vem o 4. Alguém crava que o 5 vai ser sequência do 4, então?
                              
 Claro, jogos de luta já tem por definição apenas uma história idiota que tenta explicar o porque de todo mundo ter resolvido rodar a baiana, mas ao passo que a maioria desses jogos simplesmente não tem histórias boas, Street Fighter vai além e faz uma bagunça imensa que é praticamente impossível de compreender sem um pouco de muita reflexão (ainda há o agravante de que muitas vezes a Capcom reescreve a história, no melhor estilo: "Lembra que dissemos que aconteceu tal coisa? Esqueça, na verdade aconteceu dessa outra forma...").

 Além disso, ainda há o fato de que cada um dos muitos personagens do jogo tem seus próprios finais, que muitas vezes não são canônicos (ou seja, não são oficiais) e simplesmente não se encaixam com a história. O final de muitos personagens são coisas que jamais aconteceram na historia do jogo, o que faz com que muitas vezes, o cara que mais jogou Street Fighter seja o mais confuso quanto a história e a cronologia da série.

A Capcom parece criar primeiro o jogo e os personagens da maneira que bem entender e só depois procuram um jeito de encaixar tudo na história do jogo. E por isso, inconsistências é o que não faltam.

 Mas esse é o blog onde o conhecimento inútil tem espaço e o blogueiro, quando posta, é porque está com tempo sobrando. Dito isso, vamos dar uma revisada na história de Street Fighter, seguindo a ordem cronológica do enredo dos games (e não da data de lançamento do jogo) pra que você finalmente entenda a história de Stret Fighter - até, claro, a Capcom mudar tudo de novo em Street Fighter V.

 PS: Afim de encurtar esse post que já será grande de qualquer jeito, não vou entrar em detalhes sobre acontecimentos secundários do enredo, nem me aprofundar nos momentos em que a série se mistura com outras como Final Fight ou Rival Schools. Deixo isso pra outro dia, num post específico. Também não vou me ater ao que é dito em mangás e outras fontes que, segundo a Capcom, são oficiais. Vou apenas resumir o principal da história de cada jogo.

 Sem mais delongas: It's Showtime!! (o anunciante de SF Alpha 3 não era o melhor?)

sábado, 15 de agosto de 2015

Super Mario Psicopata

O texto a seguir é relativamente grande mas depois de ler, talvez você nunca mais consiga olhar os videogames da mesma forma. Recomenda-se extrema cautela. 

Crueldade animal. Falta de amor para com o próprio e único irmão. Perversão sexual. E assassinato. Desordem de personalidade antissocial.
Por trás daquele grito empolgado "IT'S MEEEE!", há um verdadeiro MONSTRO.

Os amigos da área de psicologia que me corrijam caso eu esteja enganado, mas até onde eu sei, os maiores psicopatas costumam ser pessoas que no dia a dia estão acima de quaisquer suspeitas. E é por isso que eu gostaria de, por meio deste, apontar indícios de vários distúrbios sociopatas no senhor que atende pelo nome de Mario Jumpman Mario. 

Princesa Peach gosta de ser sequestrada?

As feministas vão me odiar, mas a verdade foi feita para ser dita: Cidadãos da Terra,  vocês já pararam pra pensar que a Princesa Peach (a do Mario) talvez nunca tenha sido realmente sequestrada (ok, a primeira vez deve ter sido pra valer) e que ela sofra de uma doença chamada Síndrome de Estocolmo (onde a pessoa não apenas se sente confortável no cativeiro como pode passar a nutrir sentimentos e ate se apaixonar pelos sequestradores. A Bela, namoradinha da Fera, é indubitavelmente vitima dessa síndrome também) ?

Parem pra pensar: Pelas minhas contas, Peach foi sequestrada 12 vezes ate agora (DOZE). Que diabo de princesa mal protegida é essa que é sequestrada doze vezes? E outra, no jogo dela (Super Princess Peach - Nintendo DS) fica bem claro que a Peach sabe se defender muito bem. E mais: Em alguns sequestros, Mario estava ali olhando o ato todo e não fez nada na hora, mas depois enfrentou uma puta duma treta pra salvar ela de novo e isso leva a outro ponto: É tudo um esquema e Peach PAGA pra ser sequestrada.

Parece estranho mas há sites na internet onde você pode pagar pra forjar um sequestro (!). Pensem bem: Se a Peach paga pra ser sequestrada e o resgate todo é uma grande encenação, todo mundo ganha: Peach alimenta a sua síndrome de Estocolmo, Mario ganha fama de herói e Bowser ganha uma graninha fácil.

Lembrando que há uma teoria e fortes indícios que pelo menos o Super Mario Bros 3 não é uma aventura de verdade e sim uma peça de teatro. Talvez todos os jogos do Mario sejam uma grande encenação, uma grande interpretação de papeis pra saciar os desejos da princesa, e nesse caso, Mario não é um jogo de plataforma e sim, o maior RPG da historia dos games!

A verdade, depois desse texto, deve estar bem clara pra todos: Um de nós está precisando urgentemente de um psiquiatra. Resta saber se quem esta louco sou eu ou a Princesa Peach.

sábado, 1 de agosto de 2015

Virtua Racing e o SVP

 Pra toda uma geração de jogadores, isso que vou relatar adiante é uma história bem estranha, mas pra outros, evocará deliciosas lembranças da tenra infância.
 Era um sábado qualquer e eu acordei animado. Com alguns trocados no bolso, corri pra locadora em que minha família tinha cadastro, praticamente no horário em que ela abriu, disposto a alugar um game. A chamada era 16-bit já tinha acabado, mas eu ainda me divertia com o bom e velho Mega Drive. Ao chegar, reparei em um jogo de corrida que eu nunca tinha alugado - as vezes por não interessar, mas na maioria das oportunidades, porque a incômoda plaquinha de "Alugado" estava presa na capinha do jogo. O jogo estava disponível e resolvi levar pra casa. E foi assim que eu conheci um dos jogos mais importantes da história dos games, sobre o qual eu vou falar um pouco a seguir. Ah, também foi assim que ganhei fama de mentiroso aqui na rua.

domingo, 26 de julho de 2015

A inteligência de Quake 3 Arena

Eu tenho uma teoria de que nada é inútil o suficiente pra que não haja um louco no mundo disposto a tentar.
Amigos, eu nunca deixo
meus amigos esquecerem do Quake 3 Arena, o jogo onde a gente ficava arrancando as cabeças uns dos outros no meu Dreamcast e pans.
Pois bem, um cara com tempo de sobra fez-se a si mesmo a seguinte pergunta: O que acontece se eu deixar esse jogo rodando sozinho, sem tempo limite? Ele criou um servidor, colocou o máximo de bots possível e saiu, deixando os bots lá se matando sozinhos.
Pois bem. 4 anos depois ele voltou pra ver o que tinha acontecido e... Os bots não estavam atirando mais uns nos outros! Estavam andando de boas sem atirar em nada. Os bots tinham meio que encontrado a paz! Emoticon confused_rev
Isso acontece porque a inteligência artificial do jogo sempre procura o melhor jeito de sobreviver o máximo de tempo possível, e inclusive registra estratégias que funcionaram pra usar depois, e descarta as que falharam. Com "infinitas" repetições, os bots começaram a ver que era melhor não atirar em quem não atirava neles... Até chegar um ponto onde ninguém atirava em ninguém. Emoticon confused_rev
Ah, quando o cara que fez o teste deu o primeiro tiro, todos os bots se voltaram contra ele na hora e o coitado virou uma espécie de leitão numa jaula de leões famintos.
Uma das experiências mais bizarras que já fizeram num jogo de tiro, mas curioso, e realmente impressionante do ponto de vista técnico. Sempre achei aqueles bots muito malandrinhos!

Família Tradicional: Salvem os Fliperamas!

Não haviam garotas assim lá, no entanto
Essa postagem não tem a intenção de ofender ninguém, tem caráter irônico que visa atingir justamente o conservadorismo de parte da sociedade, além de ser uma pequena brincadeira. Melhor avisar desde já pra não ser mal interpretado. Novamente: Essa postagem se trata de uma BRINCADEIRA sem a intenção de ofender ninguém.
Sabe galera, as pessoas fizeram tanto drama quando a novela estreou com as duas tiazonas lá dando uns pegas, que isso era "o início da ditadura gay", "uma ofensa aos valores da família", "estão tentando influenciar nossos jovens" e tudo o mais, sem perceber que, como diria o Capitão Nascimento, o inimigo deles era outro.
Se há algo que vem influenciando as novas gerações a serem homossexuais não é a novela. É o fim dos fliperamas de rua!
Vamos refletir, e a turma dos anos 90 sinta-se livre pra me corrigir caso eu esteja errado: Como era um fliperama de rua?
Brutal: A partir do momento em que você entrava num fliperama, você estava lá para lutar pela sua vida. Seja de forma figurativa - cada vida ali custava R$ 0,25 - ou as vezes de forma literal - muitos fliperamas também eram botecos não muito bem frequentados.
Sujo: No fliperama não havia lugar pra unha com base ou perfume O Boticário. O lugar fedia a cigarro, a máquina era gordurosa, o cinzeiro soldado na maquina era asqueroso e a estufa vendendo ovo colorido não era muito amigável também. E o banheiro, melhor nem falar desse.
Sagaz: Um homem precisa agir como tal. No fliperama era preciso aprender a não ter medo de cara feia, seja do cara esperando você desocupar a maquina ou aquela encarada marota do sujeito que acabou de colocar uma ficha e entrar contra. Você precisava ter peito pra prender o Ryu do moleque maior e mais velho na parede, mesmo sob o risco de tomar uns cascudos.
Insano: A vida não é fácil. Há dezenas de dias ruins pra cada dia bom. Há milhares de desafios na vida de um homem. Você vai ter que ralar muito pra chegar lá. Não tem almoço grátis. Ghosts 'n Goblins, Asteroids, e mais outros tantos jogos, eram exatamente como a vida: Quase impossíveis, mas recompensadores.
Capitalista: Vocês podem não acreditar mas eu conheci gente que pedia dinheiro no semáforo pra jogar no fliperama. Ou juntava latinha. Ou fazia pequenos serviços pra vizinhança. O fliperama ensinava também que o dinheiro e consequentemente a diversão vem do trabalho duro. Pra muitos, um exercício de Meritocracia em sua melhor forma, antes, durante e depois do jogo.
Espaço pra camaradagem: Um homem nada é sem seus amigos. Amizade masculina geralmente envolve coisas que as mulheres não podem entender. Envolve Cadillacs e Dinossauros, por exemplo.
Destemido: A molecada hoje em dia se decepciona e desiste fácil de suas namoradinhas porque não aprendeu que é preciso se esforçar e fazer loucuras por uma mulher que vale a pena, ainda que isso envolva derrotar gorilas atiradores de barris, Fantasmas e Goblins, ninjas nova iorquinos... Um homem que cresceu num fliperama é um homem que nunca vai deixar uma mulher na mão.
Respeitoso: Com as mulheres. Quem jogou Golden Axe sempre soube o quanto uma mulher pode literalmente te fritar quando está nervosa. No fliper você aprendia a respeitar as mulheres, pois elas são ágeis e geralmente muito habilidosas com magias. E ainda podem tabelar nas paredes, via de regra. Elas não são apenas donzelas em apuros, e nos fliperamas muitos aprenderam isso do jeito doloroso.
Competitivo: Não era apenas questão de vencer o jogo. Era por as suas iniciais naquela droga de máquina. Era mostrar que o Zangieff não é ruim - vocês que são patos. Não bastava vencer, precisava do Fatality.
Masculino: Eu vou apenas dar o contexto do clássico OutRun: Você, uma Ferrari Testarossa, sua bela namorada, uma estrada paradisíaca e um dia ensolarado. Dirija o mais rápido que puder e siga a direção que achar melhor. Tente não capotar. Na boa, como pode alguém que jogou isso não ser heterossexual até o último fio de cabelo?
A verdade nua e crua, meus caros, é que eu nunca vi um campeão de Street Fighter gay.
Fliperamas de rua eram verdadeiras fazendas de masculinidade. Com o fim deles, as crianças estão crescendo sem direção. Nao conhecem a musiquinha masculina do Guile, não aprenderam a fazer drift no Daytona USA, não atiraram em invasores alienígenas, e uma porção de outras coisas que todo homem precisa saber fazer.
Na antiguidade um menino precisava matar uma onça pra se provar homem. Alguns anos atrás, os fliperamas assumiram esse papel de rito de passagem. E hoje? Pois é... Apenas pense nisso: Existia Jean Willys no tempo dos fliperamas? Eu acho que não.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O Grande Crash dos Videogames: A história como ela realmente aconteceu.

Na cultura "internética" dos dias atuais, o jogo "E.T: The Extraterrestrial" quase sempre é visto como o grande Judas Iscariotes da história dos games: Graças ao imenso fracasso da adaptação do filme para um jogo no Atari 2600, a indústria dos games não resistiu e faliu. Uma indústria de US$ 10 bilhões num dia, movimentava menos de US$ 100 milhões no outro, e esse jogo foi, para a maioria das pessoas, um dos maiores culpados por essa tragédia.

Mas embora o jogo tenha mesmo fracassado e os cartuchos realmente tenham sido enterrados no deserto, a história de que E.T. foi o responsável pelo crash é muito mais mito do que realidade.

"Como assim cara, você está indo contra o que todos os outros sites, incluindo você mesmo, sempre falaram sobre isso". Sim, eu estou (e não, eu nunca coloquei a culpa nesse jogo), e mais do que isso, eu vou explicar pra vocês o que realmente aconteceu no verdadeiro "Ano que não acabou" da história dos games. O ano em que o Playstation e o Xbox quase morreram - décadas antes de nascerem.

domingo, 26 de abril de 2015

Estão Proibidos os Celulares Durante o Pênalti

 Pênalti pro meu time. Forma-se aquele clima inconfundível, que começa com uma euforia que muito se parece com a de um gol e vai, aos poucos, se transformando numa tensão e num silêncio quase fúnebre, a espera de um milagre bastante provável, do fato consumado do gol.

  Esse é o momento de concentração máxima. Não dos jogadores, e sim a nossa, dos torcedores. Todo mundo que torce sabe: Na hora do pênalti, o bom torcedor não vê nada, não ouve nada, não sente nada, exceto, talvez, suas batidas no coração e a voz do narrador. E era nesse estado de êxtase que eu gostaria de estar, mas uma coisa me incomoda, me tira o foco. Me deixa sem entender. Se eu estivesse em campo, não poderia cobrar o pênalti, não com aquele incômodo zumbindo na minha cabeça, ou melhor, brilhando diante dos meus olhos.

  Ao meu lado, frente e ao redor de mim, todos estão sacando seus telefones celulares e apontando suas câmeras para o campo, se preparando pra filmar o possível gol, ou pra apagar o vídeo no caso do atacante não estar no seu melhor dia, e sim meus caros, me chamem de rabugento, antiquado ou chato, ou todos os predicados que quiserem, mas eu acho isso um pé no saco.

 Ser torcedor é um exercício de irracionalidade, onde a razão se cala e o coração grita, vibra e as vezes para - mas geralmente volta, ávido pra ver o que vai acontecer a seguir. Mas tento ser racional pelo menos aqui: Por que, e pergunto apenas por que, um caríssimo companheiro de arquibancada (gostaria de usar "geraldino", pois gosto desse termo, mas não sou dessa época, infelizmente) precisaria filmar aquele momento, e justo aquele momento, o climax, ali no estádio, em que ele pagou pra estar e consequentemente, vivenciar ao máximo a experiência?

 Sei que na era do Facebook minha pergunta poderia ser respondida com um simples "Porque sim!", mas porque sim não é resposta, e se for, a pergunta foi mal formulada. Então, faço questão de reformular: Se você pagou pra estar ali, pra ver pessoalmente, pra ver a história acontecer ali diante dos seus olhos e ser parte da experiência, por que você precisa abrir mão disso tudo no momento mais importante e assistir tudo em uma tela de 4 polegadas?

 Enquanto penso nessas perguntas, o treinador adversário parece estar possuído por um demônio quaisquer, joga a garrafa de água no chão, aponta e gesticula pro quarto árbitro, anda em círculos. A moça um pouco mais abaixo na arquibancada não quer nem ver, esconde o rosto no ombro do namorado, e ali mesmo fica por um tempo, dando rápidas espiadas, como quem sabe que deveria ver, mas simplesmente não quer. O tiozinho da pipoca (posso chamá-lo assim? desconheço o termo politicamente correto pra esse simpático figurão dos estádios. Milho-descendente soa estranho) esquece que está ali a trabalho, deixa os clientes na mão e vira-se pro campo. Menos discretos e mais numerosos, os olhares de esperança e tensão se alternam na multidão, essa um monstro com rostos e muitos corações diferentes, mas afinados.

  Mas uma parte dessa multidão não viu nada disso. Ou viu, bem pequenininho ali na tela do Smartphone. Viu mas não viveu. Volto a me perguntar: Por que? Há dezenas de câmeras muito mais próximas da jogada, de grandes emissoras de TV, capturando cada piscar dos jogadores. E há o Youtube: Alguém ali vai colocar aquilo no Youtube depois.

  De repente, me vem a resposta: O "Eu estava lá!" do meu avô era nebuloso, era apenas uma história imprecisa, muitas vezes exagerada e frequentemente desmentida pela minha avó, mas que ele contava com uma imensa felicidade. O "Eu estava lá!" da nova geração pode ser o vídeo que ele mesmo filmou ali, e vai guardar por 40, 50 anos e mostrar aos netos - se conseguir tal façanha, o que eu sinceramente duvido. Guardar uma memória me parece mais fácil, claro, se for uma memória digna de nota, uma grande memória. Ela pode ficar imprecisa, e talvez mais charmosa, mas vai estar lá, e se estiver, valerá a pena ser contada. Me pergunto se nossos netos vão querer ver tudo o que nós gravamos com nossos celulares.

  Talvez a questão seja "Eu ESTOU aqui". É, acho que estou esquentando. Hoje em dia tudo é ostentação, inclusive uma diversão tão mundana quanto o futebol. Sim, há quem queira glamourizar o ópio do povo, o esporte das massas, e ir ao jogo não basta - tem que mostrar pra aqueles dois confidentes mais importantes: Deus e o Mundo.

  Eu também faço check-in ao chegar no estádio. E também tiro fotos - uma ou duas, antes do jogo começar, durante o intervalo ou hino, sei lá. Quando o jogo está parado. Com isso, as pessoas sabem que estou lá e pronto, podem curtir ou não curtir, fazer piadinhas dizendo que dou azar e todas essas besteirinhas que gostamos. Uma vez que estou lá, todos sabem que eu vi o pênalti em primeira pessoa, a menos que tenha ido ao banheiro. A mensagem que as pessoas querem passar seria: "Vejam! Eu não estava apertado na hora do pênalti!"?

  Não sei, acho que não. Retomo o foco.

  O artilheiro do meu time corre, bate e... GOLAÇO! Porque gol do meu time é golaço, até de pênalti! E eu comemoro, pulo, giro, grito, jogo os braços pra cima e depois os coloco na altura da cintura, dando um berro numa posição que em outra realidade me transformaria num Super Sayajin.

  Mas eu fui o único? Sim! Os outros em volta não puderam jogar os braços pra cima, porque é perigoso derrubar o celular. Nem gritar, pra não estragar a filmagem, o microfone tá virado pra boca deles afinal! Não puderam pular, pra não tremer a imagem. Não fizeram nada, só balançaram a cabeça e prontamente apertaram "compartilhar" e começaram a digitar tudo o que gostariam de ter feito, para logo depois disputarem o congestionado sinal da antena de telefonia mais próxima do estádio.

  Tudo para, possivelmente, dizerem que estavam lá. Uma mentira: Eles não estavam. O corpo estava, mas a alma deles estava em algum servidor no Vale do Silício.

  Entrar nesse mérito é uma batalha perdida. A nossa geração é só o começo. As próximas vão filmar, mais e mais e mais e viver menos e menos e menos, talvez com seus óculos e wearabes, mas assumidamente, e mais aceitavelmente, sem precisar olhar pra tela enquanto filma.

 Até lá eu vou continuar sendo o antiquado, que não filma, não tira o celular do bolso, e mais importante, não entende qual a graça que essa molecada vê nessas modernidades.


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