segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Emerson Fittipaldi: O Super-Campeão


  O automobilismo brasileiro é algo que temos para nos orgulhar. Sempre tivemos grandes pilotos nas principais categorias do mundo. Mas se fôssemos fazer um resumo do que foram os grandes pontos altos dessa história, poderiamos resumi-lo em 3 nomes. Ayrton Senna. Nelson Piquet. E Emerson Fittipaldi.

Piquet e Senna, no entanto, teriam enfrentado muito mais dificuldades em suas carreiras se antes deles não houvesse aparecido Fittipaldi, que foi, guardadas as devidas proporções, uma espécie de Messias do automobilismo nacional. Foi ele o primeiro brasileiro a ganhar fama no mundo todo atravéz desse esporte, e quem abriu as portas para os pilotos brasileiros mostrarem seu talento. Emerson no entanto vai além de precursor: Ele próprio foi um monstro sobre rodas, e pode facilmente ser comparado aos tri-campeões que viriam depois dele. Aliás, Fittipaldi é dono de uma marca única no mundo do automobilismo, sendo o único piloto até hoje a vencer por duas vezes o principal campeonato (Fórmula 1) e a principal corrida (500 milhas de Indianápolis). Eu diria algo do tipo “Com vocês, Emerson Fittipaldi”, mas acho que estamos falando de um sujeito que dispensa apresentações...


Motociclista? Não. Mas foi por pouco...

Se você tivesse visto Fittipaldi em 1963, dificilmente chutaria que ele viria a ser um dos maiores pilotos de carros da história. Mas poderia, sim, chutar que ele seria um dos maiores pilotos de motos da história. Isso porque na época, o ainda adolescente Emerson vinha ganhando de todo mundo e despontando como uma das grandes promessas do motociclismo nacional. Sua carreira no entanto teve que mudar por motivos de força maior: Ordens da mãe, que estava assustada com o acidente que o pai dele havia sofrido, que o deixaria 6 meses nos hospital.

Emerson, amante da velocidade, viu um farol vermelho para a sua carreira sobre duas rodas, mas viu um outro caminho livre, e esse caminho ele teria que seguir de carro.

O começo da carreira

Emerson, como a esmagadora maioria dos grandes pilotos, começou no Kart. Antes disso, já havia chamado a atenção por ter brigado com um diretor de provas que o impediu de entrar na ambulância que levava seu irmão Wilson depois de um acidente. Mas era seu talento na pista que realmente roubaria a cena mais tarde.

Disputou e ganhou diversas competições nacionais, sempre com a ajuda de seu irmão, que o ajudava a projetar e construir os carros de corrida, como o famoso Fittiporsche, com o qual ganhou as Cem Milhas de Kart. Emerson então resolveu tentar a sorte onde o automobilismo realmente acontecia na época: Na Europa.

Bastarma 3 meses na Fórmula Ford holandesa com muitas vitórias e um título da F3 Inglesa aos 22 anos para que fosse convidado a disputar o Campeonato da F1 pela Lotus. E ele aceitou o convite...

Escapando da morte...

No seu campeonato de estréia, em 1970, Emerson já mostrou todo o seu talento e, embora não tenha lutado de fato pelo título, ganhou a necessária experiência que seria muito valiosa em sua carreira. E escapou da morte, por um acaso do destino...

Acidente que matou Rindt: Fatalidade
No GP de Monza, o companheiro de equipe de Emerson, Rochen Rindt, pediu que Emerson, ainda novato, amaciasse seu carro para a corrida do dia seguinte. Emerson no entanto cometeu um erro, bateu e destruiu o carro de Rindt. Como Rindt era líder do campeonato, a Lotus decidiu que ele correria com o carro de Fittipaldi, e esse não disputaria aquela corrida. Por uma fatalidade, o carro do Fittipaldi teve uma séria falha mecânica durante a corrida, causando um acidente que culminou na morte de Rindt no melhor estilo “Premonição, poupando Emerson, que era quem deveria estar naquele carro naquele dia se não fosse o erro do dia anterior...

De luto, a Lotus não correu as duas corridas seguintes, voltando no penúltimo GP da temporada, o GP dos Estados Unidos, onde Emerson ganhou sua primeira corrida, que ainda serviu como forma de homenagear e presentear Rindt: Com a vitória de Emerson, ficou assegurado que ninguém conseguiria alcançar Rindt, que se tornou o primeiro e único campeão póstumo da história do F1 até hoje.

O campeão mais jovem

1971 passou em branco em termos de vitórias, com “apenas” três pódios. Mas em 1972 seria a sua consagração: Emerson, então com 25 anos, seria campeão da temporada de F-1, tornando-se o piloto mais jovem a conseguir o título até seu record ser quebrado por Alonso já na década de 2000 (depois o record ainda seria quebrado por Hamilton até chegar em Vettel, recordista atual).

Em 1973 Emerson fez um bom campeonato e lutou pelo título, mas acabou perdendo para Jakie Stewart. E em 1974, Fittipaldi trocou a Lotus pela McLaren e tornou-se bi-campeão mundial de Fórmula 1, entrando de vez para o hall dos imortais da categoria.

Coopersucar Fittipaldi

Foi então que Emerson teve uma idéia que, pelo menos no papel, parecia ótima: Criar uma escuderia totalmente brasileira! E assim surgiu, com o patrocínio de uma cooperativa de açúcar e alcool chamada Coopersucar, a equipe Fittipaldi, 100% brasileira. Mais tarde a equipe ainda mudaria de nome, conforme mudava o patrocinador.

Apenas uma coisa não chegou a mudar: O nível da escuderia, que jamais foi dos mais competitivos. Entre 1976 e 1982, o máximo que a equipe conseguiu foi um segundo lugar, no GP do Brasil, na época disputado em Jacarepaguá no Rio de Janeiro. Tirando isso, tudo que a Fittipaldi Automotive conseguiu foi se tornar motivo de piadas...

O campeão mais velho

Fittipaldi ainda faria história em outra importante categoria do automobilismo nacional: A Fórmula Indy. Lá, Emerson se tornou o primeiro piloto estrangeiro a ser campeão após 73 anos. Protagonizaria ainda uma das batalhas mais épicas da história das lendárias 500 Milhas de Indianapolis, contra Al Unser Junior, com um duelo espetacular nas ultimas 5 voltas, que terminou com um toque entre ambos os pilotos. Al Unser perdeu o controle do carro, mas Fittipaldi se recuperou e venceu uma das mais tradicionais corridas do automobilismo mundial. Ainda ganharia novamente a corrida em 1993, onde o grande duelo foi contra o campeão de F1 do ano anterior, Niggel Mansell.
Nessa ocasião, Emerson ganhou a antipatia de boa parte dos fãs do automobilismo nos EUA. Isso porque ao comemorar a vitória em Indianapolis, ele trocou o tradicional leite por suco de laranja, para promover os negócios de sua fazenda no Brasil. A ação pegou mal, e muita gente passou a torcer contra ele depois disso, por considerar que ele desrespeitou uma tradição.

Na F-Indy, ele correu até 1996, onde, beirando os 50 anos (!), um acidente encerrou sua carreira como piloto... Pelo menos momentaneamente. Ele ainda correria em 2005, onde disputou um evento na Africa do Sul chamado “Grand Prix Masters”, conseguindo um segundo lugar, perdendo justamente para Niggel Mansell e, em 2008, junto com seu irmão Wilson, disputou o Campeonato Brasileiro de GT3, dirigindo um Porsche 997 GT3 pela equipe WB Motorsport.

Rato, Emmo, Casamentos, Biografias...

Emerson, nos EUA, ganhou um apelido que talvez hoje não seria aceito com tanta naturalidade: Emmo. Nada a ver com os rapazes e moças de franjas que você está acostumado, é apenas um jeito carinhoso de chama-lo. No Brasil, o apelido carinhoso dele pode não ser visto com tanto carinho assim: Rato. Ele, muito supersticioso, até colava um adesivo de um rato em seus carros, que, sempre que possível, eram o carro número 7, outra superstição.

Fittipaldi ainda escreveria uma biografia sua, chamada “Emerson Fittipaldi: A Vida em Alta Velocidade”. Lá ele conta detalhes da sua vida dentro e fora das pistas, como por exemplo seu casamento com Maria Helena na década de 70, que resultou em três filhos (Juliana, Jayson e Tatiana), seu segundo casamento, com Teresa, na década de 80, que teve como consequência a filha Joana e o filho Luca, e o terceiro casamento, o atual, com Rossana Fanucchi Fittipaldi, união do qual o filho caçula Emerson Fanucchi Fittipaldi é fruto. Ufa, quanto casamento, quanto filho!

Atualmente, Emerson gasta seu tempo e seus recursos com a Fundação Fittipaldi, que ajuda crianças carentes, além de outras causas sociais. Atualmente preside também uma equipe da categoria A1GP.

Em 2001, Emmo entrou merecidamente para o Hall da Fama do Automobilismo. E sempre que pode, ele não perde a chance de correr, como fez em 2010 ao dar uma voltinha com uma Lotus F-1 pelas ruas de Sampa. E se emocionar ao ter a chance de pilotar novamente uma Lotus. E nós te entendemos Emerson: Existem pessoas que deveriam ser imunes ao tempo, para poderem fazer aquilo que nasceram para fazer sempre. E você nasceu para correr. Uma pena que não possa ser para sempre...

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