No senso comum da sociedade, lutadores em geral tem fama de serem caras malvados. Quando um lutador em especial ganha o apelido de “O Homem mais malvado do planeta”, então, significa que estamos falando de um sujeito do tipo que você jamais gostaria de ver nervoso.
Esse era Mike Tyson, conhecido por muitos como um dos maiores boxeadores da história, um fenômeno que marcou toda uma geração de fãs do esporte com sua força descomunal, suas polêmicas e seus nocautes.
Como recordar é viver, nada melhor que falarmos um pouco sobre essa lenda viva, para nos lembrarmos dos bons tempos do boxe, quase esquecidos numa época em que o boxe mundial carece de ídolos dotados de grande carisma, e perde cada vez mais espaço para categorias como a UFC...
Senhoras e senhores, nesse canto, para desafiar a hegemonia do Automobilismo e do Futebol aqui no Blog, o desafiante, uma lenda dos peso-pesados, também conhecido como Kid Dinamite... Com vocês, Mike Tyson!
Os Pombos e o Boxe
Mike não teve uma infância fácil. Nascido na sempre implacável Nova Iorque, sua infância foi, como a de boa parte dos ídolos do esporte, pobre e sofrida. Seu pai abandonou a família, deixando a tarefa de criá-lo totalmente nas costas de sua mãe, quando ele tinha apenas 2 anos. As dificuldades eram frequentes. Mas ela dava um jeito.
Desde pequeno, Tyson já nutria uma admiração por pombos. Ele adorava esses pássaros, e o seu sonho era ter um pombo de estimação. Sua mãe sabia disso, e para presenteá-lo no seu aniversário, juntou com muito esforço o dinheiro para comprar um pombo para Tyson. Na época, Tyson era um menino tímido, gordinho e inofensivo, alvo dos valentões da escola e da vizinhança.
Mike foi ao parque para brincar com seu pombinho novo. Um menino mais velho e muito maior apareceu, e tomou o pombo dele. Mike pediu que ele devolvesse, e o menino mais velho, sem a menor dó, arrancou a cabeça do pombo e a jogou encima do até então inofensivo Tyson. Foi a deixa. Tyson, descontrolado, quase matou o menino, 3 anos mais velho, de tanto bater. O infeliz valentão foi parar no hospital com fraturas sérias em vários lugares do corpo, incluindo a face. Ficou com deformações permanentes no rosto. Tyson havia descoberto o quanto era forte... E isso não foi bom.
Começou a andar com as pessoas erradas, e aprendeu que podia conseguir o que queria na base da força. 38 vezes. Esse é o número de vezes que Tyson foi preso antes de completar 13 anos... E foi em uma dessas indas e vindas ao reformatório, que ele conheceu algo que mudaria sua vida para sempre: O boxe.
Os primeiros títulos e o peso da fama
Seu talento foi descoberto pelo diretor de um dos internatos onde ficou, que era ex-pugilista. Lá ele aprendeu as noções básicas do esporte. Depois, seu talento foi refinado por outro treinador, Silvio Freitas, que viria a ser o responsável pela sua carreira. Aos 14 anos, ele já era campeão mundial olímpico dos pesos médios.
Em 1981, aos 15 já era campeão juvenil de boxe nos Estados Unidos, e aos 16, campeão mundial. Em 1985 estreou no boxe profissional, com chave de ouro: Ganhou todas as 15 lutas que participou, sendo 11 delas por nocaute (K.O.) no primeiro round! Nada mal para um iniciante...
A fama internacional e a glória de fato viriam em 1986, no entanto. Foram mais 13 vitórias arrasadoras, e, finalmente, o título mundial dos pesos pesados pelo Conselho Mundial de Boxe, ao vencer o então campeão Trevor Berbick. Tyson conseguiu isso com apenas 20 anos, sendo o mais jovem pugilista a se tornar campeão mundial. O gordinho inocente e o maloqueiro problemático agora haviam se convertido numa celebridade internacional... Que bela virada na história hein?
Tyson inspirava todo o tipo de produtos relacionados ao boxe, desde jogos de videogame com o nome dele ("Mike Tyson's: Punch Out", para NES), até filmes e livros sobre o esporte, que se tornaram comuns na época. Sua fama foi tão grande que lhe rendeu até confusões com empresas que queriam "homenagea-lo", nomeadamente, a Capcom, empresa de videogames que incluiu no seu famoso game "Street Fighter 2" um personagem boxeador chamado M. Bison, que teve que ser renomeado como Balrog quando o jogo foi lançado nos EUA, para evitar possíveis problemas legais de direitos de imagem...
Em 1987, ganharia também os títulos mundiais da Federação Internacional de Boxe e da Associação Internacional de Boxe. Vencia oponentes de nome um a um, sem dar-lhes a menor chance, sempre com nocautes antes do quarto assalto. Uma máquina de lutar... Mas não uma pessoa estruturada para lidar com todo o dinheiro e a fama que apareciam em quantidades assustadoras. E isso causou vários problemas em sua vida pessoal.
O casamento com Jani Vojika, uma atriz e modelo, é um ponto que marca uma virada na carreira Tyson. O casamento durou apenas um ano. No ano do divórcio, Tyson lutou apenas duas vezes, e venceu as duas lutas. Mas não demorou muito para a coisa desandar, e em 1990 Tyson foi batido por Buster Douglas e perdeu seus três títulos mundiais. Em 1991, como se não bastasse, ainda foi acusado de abuso sexual por uma modelo. Em meio ao processo, uma lesão o impediu de tentar retomar o título mundial, que nessa altura já estava nas mãos de Evander Holyfield, mais ou menos na época em que ele foi julgado, condenado preso, ficando longe dos ringues por longos 3 anos,
A Fenix ressurge? Não nesse caso...
Uma vez cumprida a pena, Tyson logo voltou a lutar, e de cara venceu um pugilista um tanto quanto desconhecido, chamado Peter McNeely, em incríveis 89 segundos... Parecia que ele estava mesmo de volta. E continuou a confirmar isso, vencendo uma luta após a outra no ano de 1996, o que o encorajou a desafiar novamente Holyfield. A luta aconteceu em Novembro de 1996, com vitória de Holyfield.
Repare nos pés dele... |
A revanche, que aconteceu em 1997, rendeu mais de 2 milhões de assinaturas de Pay Per View (um record) e foi chamada por muitos de “o combate do século”. O que aconteceu lá, no entanto, surpreendeu a todos: No final do terceiro round, Tyson simplesmente mordeu a orelha de Holyfield, e a luta foi interrompida. Assim que a luta recomeçou, Tyson repetiu o ato, foi desclassificado do combate e banido por um ano das competições oficiais. Detalhe curioso: Depois de cumprir a pena, Tyson se tornou vegetariano...
Fim de carreira, mas não das polêmicas
Longe da forma física de outrora, Tyson continuou lutando até 2005 (!), aos 39 anos, quando sofreu sua última derrota, para Kevin McBridge. Ainda no ringue, declarou que por ele nem estaria lutando, mas que precisava do dinheiro para acertar seus problemas financeiros.
Desde então, Tyson se envolveu em mais algumas brigas e polêmicas “de menor porte”, coisas normais em sua carreira, o que o fazem reaparecer na mídia vez ou outra. Viu ainda a filha de apenas 4 anos ser vítima de uma tragédia, ao morrer em um acidente doméstico.
No total, Mike Tyson lutou 58 vezes, com 50 vitórias (sendo 44 nocautes), 6 derrotas e 2 desistências. Sua vida foi retratada em um filme chamado “Tyson”, lançado em 2008. Desde então, Tyson parece ter gostado das telonas, e fez uma pontinha no filme “Se Beber Não Case”, e já declarou que gostaria de seguir a carreira de ator. Ah, ele também organiza corridas de pombos sempre que pode (é sério). E isso prova que é muito difícil matar a criança que vive dentro de nós, mesmo se você for o “Homem mais malvado do mundo”. Não que Tyson seja...
Como é que se fala da vida de Mike Tyson sem mencionar Cus D´Amato?????!!
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