quinta-feira, 14 de abril de 2011

Extinção em Massa


 “A Vida dá um jeito”. A frase, imortalizada no mega sucesso dos anos 90 “Jurassic Park”, não poderia ser mais verdadeira. A Vida não é fácil naturalmente, mesmo em períodos de aparente paz e tranquilidade. E não é fácil para ninguém: Nem para o blogueiro que está escrevendo isso enquanto saboreia um delicioso X-Burger acompanhado de um copo de refrigerante bem gelado, nem muito menos para aquele pobre antílope que está prestes a virar o X-Burger de um leão.

Porém, em alguns momentos a própria Vida na Terra enfrenta problemas. E quando a Vida, que por si só já é complicada, se vê numa situação de alerta, só pode significar uma coisa: A casa caiu.

Ao longo de alguns milhões de anos, a casa caiu em algumas oportunidades. Não dá para dizer que seja algo frequente, mas também não podemos dizer que é algo raro. Acontece. De repente, alguma coisa muda e todas as espécies enfrentam uma enorme dificuldade. A maioria, morre. São as chamadas Extinções em Massa. Os dinossauros, por exemplo, foram vítimas de uma delas. Seriam os acontecimentos recentes sinais de que nós somos os próximos? Antes de responder a essa afirmação frequente entre os amantes de teorias apocalípticas, temos que entender o básico: O que causa e como acontecem essas extinções?


Como matar todo mundo?

O grande problema de saber o que causou as extinções em massa que o nosso planeta já enfrentou é um tanto quanto óbvia: Todas elas aconteceram antes de qualquer Ser Humano ser capaz de registrá-la em um documento para a posteridade. Sendo assim, o trabalho de entender essas extinções se assemelha a encontrar a cena de um crime e tentar descobrir o que aconteceu baseando-se apenas nas pistas deixadas pelo criminoso. A diferença situa-se no fato desses “crimes” terem sido cometidos a milhões de anos atrás.

O lado bom é que qualquer catástrofe capaz de matar basicamente todo mundo tende a deixar rastros que não somem tão facilmente. É por isso que mesmo que não tenham sobrado muitos Tiranossauros para nos relatar o que aconteceu naquela época, ainda podemos especular as causas do desaparecimento dos grandes dinossauros.

Extinções em massa podem ocorrer por diversos fatores, desde uma mudança climática muito brusca (que foi, aliás, a responsável pela maior extinção que esse planeta já testemunhou, no final do período Cambriano), até a queda de um meteoro (a mais provável das possíveis causas da extinção mais famosa, aquela que matou os dinossauros), entre outros motivos, e, claro, combinações deles.

Uma coisa deve-se notar: Por mais que ligar a TV numa noite de domingo e assistir as reportagens “especiais” sobre o meio ambiente possa fazer parecer, os desastres naturais que estamos presenciando não são exatamente os sinais de uma grande extinção iminente. Terremotos gigantescos, tsunamis e afins sempre aconteceram e sempre vão acontecer (vide por exemplo o relato bíblico do Dilúvio, que também é mencionado em diversos textos históricos de outras religiões e povos). A diferença é que até não muito tempo atrás não tínhamos tantas TV's, Radios e Sites, não podíamos medir tão precisamente o poder de um terremoto com aparelhos sofisticados e a informação não corria o mundo em menos de 5 segundos...
Outra coisa que sempre aconteceu, e muito antes de qualquer pessoa pisar na face da Terra são os aquecimentos globais. O que estamos presenciando, aliás, é um tanto quanto brando em comparação com outros que aconteceram no passado, muito antes das emissões de gases do seu carro e do seu spray de aerosol...

Como escapar?

Todas as espécies que enfrentaram uma extinção em massa, desde os presentes na grande extinção do Cambriano (a maior que o planeta já viu, muito antes dos dinossauros surgirem, e que chegou perigosamente perto de acabar com toda a vida na Terra) até os próprios seres humanos que viram mamutes e smilodons morrerem no final da última Era Glacial (sim amigos, durante um aquecimento global absurdo que mudou certas localidades que se pareciam com o norte Europeu de modo a se tornarem lugares como a Califórnia, por exemplo), descobriram uma coisa: Para escapar vivo, é preciso ter sorte. Muita sorte.

Como sabemos, a evolução e a vida em geral trabalham sob a seguinte lógica: Os mais hábeis sobrevivem. O grande problema é: Como estar preparado para algo que acontece sem dar praticamente nenhum aviso? Uma vez que a evolução acontece lenta e gradativamente, dependendo de uma série de mutações aleatórias que podem, ou não, serem úteis para a sobrevivência da espécie, esperar a tragédia acontecer para então se adaptar não parece uma boa idéia. Pode não dar tempo.

Não deu tempo, por exemplo, para os Dinossauros maiores. Não é preciso ser muito esperto para saber que quanto maior você é, mais você come. Logo, se você é um animal de 8 metros de altura você precisa comer muito. E se acontecer alguma coisa e toda a comida desaparecer em questão de alguns anos? E se a comida se tornar algo cada vez mais raro e em menor quantidade? Certamente você não vai querer ser dependente de toneladas de comida semanais para sobreviver. Esse foi o problema dos Dinossauros enormes quando o meteoro atingiu a Terra: Os eventos que se sucederam causaram uma quebra na cadeia alimentar. Quem se deu bem? Animais que dependiam de menos quantidade de comida, como os mamíferos, uma ou outra espécie de dinossauros pequenos (e uma delas já havia começado seu processo de evolução para se tornarem o que hoje chamamos de “aves”), outros répteis, insetos, etc.

Outra boa idéia é estar bem distribuído geograficamente. Uma espécie que está presente em 5 continentes tem mais chances de sobreviver a uma catástrofe do que uma que só pode ser encontrado em um lugar no mundo. Mas voltando um pouco a fita... Você talvez já tenha pensado nisso, mas, se é que ainda não tinha, terá certeza: Só estamos aqui por que os dinossauros não estão. Seriam então as grandes extinções de certa forma benéficas?

Quando os Dinos saem...

Os ratos fazem a festa. Ou mais ou menos isso. Quero que você olhe para o primeiro ser vivo além de você que estiver por perto. Pode ser uma planta, o seu gato de estimação ou mesmo um mosquito da dengue (se for esse o caso, elimine-o, de preferência junto com o lugar com água parada onde ele nasceu). Esse ser vivo certamente não existiria, ou no mínimo, seria muito diferente do que é hoje se qualquer uma das extinções em massa que já aconteceram não tivesse acontecido.

Isso por que essas extinções mudaram totalmente os rumos da evolução em períodos extremamente curtos. Vamos dar o exemplo dos dinossauros novamente: Naquela época, os mamíferos eram pequenos e primitivos. Eles não podiam se dar ao luxo de crescer e ganharem toda essa variedade que você conhece hoje porque não seria vantajoso para eles. Se você lembra de Jurassic Park, deve saber o que aconteceria com uma vaca se cruzasse o caminho de um T-Rex. Por mais que de alguma forma eles driblassem o problema com os predadores, a concorrência com os próprios herbívoros era desleal: Com gigantescos dinossauros comendo toneladas de folhas diariamente, pode-se dizer que até a função de presa já estava ocupada. Haviam ainda outros animais (em sua maioria répteis e insetos) ocupando os outros nichos ecológicos.

Aos mamíferos, restava se esconder e comer o que conseguiam. Basicamente, o único nicho ecológico vago para eles é o que hoje os ratos ocupam na sua casa. Porém, o mundo mudou de repente: Os lagartões estavam mortos agora, e toda essa carne pelo chão dando sopa podia virar um belo banquete. Pior (ou melhor): Depois que os efeitos da catástrofe passasse, quase todos os lugares da cadeia alimentar estariam vagos, só esperando por alguém para ocupá-los. Foi assim que os mamíferos puderam seguir livremente seu caminho evolutivo, passando por alguns tropeços aqui e ali (incluindo outra extinção em massa) até chegaram nos animais de hoje em dia, incluindo eu e você.

Não é que a extinção em massa seja uma coisa vantajosa para todos. Na verdade, ela é vantajosa para quem fica vivo para contar a história... E esses costumam ser a minoria...

Então estamos livres?

Estamos espalhados pelos 4 cantos do globo, somos uma espécie que historicamente sempre se adaptou bem as adversidades e agora temos domínio da tecnologia. Além disso, o blogueiro afirmou nesse texto que as catástrofes que vemos na TV são coisas naturais, que infelizmente acontecem e estão apenas sendo usadas pela mídia para inflar as teorias conspiratórias a la “2012”. Seguindo essa lógica, estamos livres de uma nova extinção em massa, certo? Errado.

Houveram na Terra, do surgimento da vida até hoje, 5 extinções em massa. Porém, há quem diga que desde o início do século XX estamos vivendo a 6°, e que essa é por nossa culpa. Se o efeito estufa é algo que acontece periodicamente no nosso planeta, com ou sem a nossa intervenção, outras coisas não aconteceriam se não fosse por nós, entre elas: Caça desordenada, desmatamentos, poluição dos rios, lagos e mares, etc, etc, etc. Todos esses são fatores que podem apressar a próxima grande extinção que nosso planeta verá. Sabe a parte irônica? Querendo ou não, o ser humano é uma espécie totalmente dependente dos recursos naturais. Suas atitudes estão levando-o a esgotar esses recursos. Uma vez que isso aconteça, não vai ser apenas a onça-pintada, o tucano e o mico-leão-dourado que vão desaparecer da face da Terra: O próprio Ser Humano perecerá.

A Vida no entanto vai dar um jeito. Com ou sem a gente, ela vai continuar. E alguém certamente vai ocupar o nosso espaço na cadeia alimentar e reclamar o título de espécie dominante. Exatamente como nós fizemos... A Vida não precisa do ser humano para seguir o seu rumo. Não somos os queridinhos da natureza. E enquanto não entendermos isso, estamos praticamente pedindo para sermos as grandes vítimas da próxima extinção em massa...  

2 comentários:

  1. blog muito bommmmmmm
    e muito interessante!!!

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  2. Gostei muito das suas postagens.
    Obs: Cara vc é muito bom nisso, continue postando
    e se quiser fazer mais postagens sobre dinossauros, extinção e mamiferos pré históricos e outros mmande para esse endereço
    que eu ajudo a espalhar o seu conhecimento:
    e-mail: jovileme@hotmail.com

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