domingo, 9 de janeiro de 2011

A Batalha de Stalingrado e a Copa do Mundo de 1966

  A Segunda Guerra Mundial deixou um grande legado, que continua a nos influenciar até hoje. Seja na cultura, costumes e até na ciência, entre outras coisas, os efeitos da terrível batalha onde Adolf Hitler se eternizou como vilão para a maioria das pessoas continuam a repercutir ainda hoje.

A Copa do Mundo de Futebol é um dos maiores eventos da atualidade, fazendo com que o mundo respire futebol durante 30 dias, atraindo grandes números, sejam eles em cifras, turistas, telespectadores, etc, etc, etc...
Mas qual a relação entre ambos os eventos citados até aqui, se durante a Segunda Guerra não houve nenhuma Copa do Mundo? E se eu te falar que a Copa do Mundo mais influenciada pela Segunda Guerra Mundial viria a acontecer apenas em meados da década de 60? Pois é, e foi mais ou menos assim que aconteceu...



A maior batalha de todos os tempos

Assim foi o épico combate que teve a cidade de Stalingrado (hoje chamada Volgorado), na extinta URSS, como palco. Essa batalha (que ainda ganhará uma postagem bem caprichada só para ela aqui no blog) aconteceu entre Julho de 1942 e Fevereiro de 1943, sendo o ponto determinante para o declínio da Alemanha Nazista e seus aliados, que tentaram tomar a cidade e foram derrotados pelos soviéticos. Essa batalha ficou conhecida pelo completo desrespeito aos civis, de ambos os lados.

No total, entre soldados de ambos os lados e civis, estimasse que 2 milhões de pessoas morreram em Stalingrado por conta do combate. Aliás, essa é uma estimativa otimista: Há fontes que dão conta de que muito mais gente morreu ou desapareceu durante o épico.

A batalha ficou marcada ainda pelos combates corpo a corpo: A estratégia dos alemães consistia em bombardear os inimigos com ataques aéreos e tanques, além das ofensivas tradicionais com soldados. Para evitar isso, os soviéticos partiam para combates corpo a corpo, o mais próximo possível da ofensiva nazista, de forma a tornar impossível (ou pelo menos, improvável) os bombardeios aéreos. Esses combates corpo a corpo usando a cidade como palco acabou tornando-se uma piada famosa entre os soldados alemães que lá estiveram. Eles diziam que lutavam para conquistar a sala de estar, e quando conseguiam, já tinham que estar prontos para invadir a cozinha...

Essa situação repercutia nas frequentes mudanças de comando de cada área da cidade. A estação ferroviária, por exemplo, chegou a mudar de mãos 14 vezes em apenas 6 horas! Outra situação que ficou muito famosa foi a do pelotão de soldados do sargento Yakov Pavnov, que transformaram um edifício residencial numa fortaleza impenetrável, resistindo lá dentro, sem reforços, munição ou renovação do estoque de comida por incríveis 2 meses! A final de cada tentativa de ataque alemão, os russos tinham que sair do prédio para tirar as pilhas de corpos amontoados em frente ao prédio para deixar a linha de tiro das metralhadoras livre. Há quem diga que mais alemães morreram tentando tomar o prédio, que ficou conhecido como “A Casa da Pavnov”, do que tentando tomar Paris...

A Copa do Mundo da discórdia...

A Copa do Mundo de Futebol de 1966, disputada na Inglaterra, pais inventor do futebol, ficou marcada por uma série de polêmicas... Dizia-se, ainda antes da Copa começar, que haveria algum tipo de esquema para que a Inglaterra saísse vencedora. Afinal, como podiam os anfitriões, inventores do futebol, que comemoravam naquela ocasião 100 anos de futebol profissional, continuarem sem nunca ter ganho sequer uma Copa do Mundo do esporte que eles mesmos criaram? Isso não poderia acontecer!

Jamais foi comprovado qualquer tipo de esquema que possa ter ajudado a leva-los para a final, no entanto. A Inglaterra jogou bem e mereceu chegar na final, até porque tinha um bom time. Sem os grandes favoritos, o Brasil, então bi-campeão, que fez uma Copa medíocre e foi eliminado prematuramente, A Inglaterra passou por grandes times até chegar na final, onde enfrentaria a Alemanha Ocidental, numa das partidas mais polêmicas da história do futebol.

Qual a relação entre esses dois momentos tão distintos, afinal?

A Inglaterra vencia a final por 2 x 1 até o último minuto de jogo, quando em uma jogada de bola parada, a Alemanha conseguiu empatar. O jogo iria ser decidido na prorrogação. Aconteceu então um dos lances mais reprisados de todos os esportes no mundo todo, desde então

.Aos 8 minutos do primeiro tempo da prorrogação, o inglês Hurst chutou, a bola bateu no travessão e rebateu no chão. Fora do gol. Mas não para o bandeirinha Tofik Bakhramov, que validou o gol, para desespero dos alemães...
A Inglaterra ainda faria o 4° gol e mataria de vez o jogo, quando todos já comemoravam, imortalizando, aliás, a narração do locutor Kenneth Wolstenholme, que no momento do quarto gol, disse: "Algumas pessoas estão no campo. Elas pensam que já está está tudo acabado." [Gol da Inglaterra] "É, agora está!" 
Repare que a bola não caiu apenas fora, e sim MUITO fora!

Mas vamos finalmente a relação entre a Batalha de Stalingrado e esse jogo. O tal auxiliar que validou o gol, Tofik Bakhramov, era soviético. Ao final de sua vida, já no leito de morte, quando perguntado se ele tinha alguma espécie de arrependimento ou sentimento de culpa por ter interferido diretamente na decisão de uma Copa do Mundo errando em um lance capital da partida e a acabando com o sonho do título da Alemanha Ocidental, ele simplesmente fez que não com a cabeça, e respondeu com uma única palavra: “Stalingrado...”. É como dizem: Para quem sabe ler, pingo é letra...

Anos mais tarde, na cidade natal de Tofik foi construída uma estátua em sua homenagem. Na cerimônia de inauguração, ninguém menos do que Hurst, o atacante que fez o polêmico gol (e outros 2, sendo o único jogador a marcar 3 vezes em uma mesma final de Copa do Mundo) estava lá, para também homenagear o auxiliar que lhe deu o gol mais importante de sua vida como presente, e o usou como instrumento de uma espécie de vingança e retribuição por uma mágoa que ele deve ter levado consigo a vida toda...  

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