FATO: Se você foi criança nos anos 90, vai reconhecer
imediatamente o bordão a seguir (se é que ainda não reconheceu):
"Eu sou Beakman. E você acaba de entrar no Mundo de
Beakman..."
Pois é amigos. Nos anos 90, tínhamos coisas muito legais,
mas que não nos ensinavam coisas tão legais assim. Aprendíamos a quebrar a cara
dos outros assistindo "Karatê Kid", aprendíamos sobre o Tinhoso quando ouvíamos
as musicas da Xuxa de trás pra frente e aprendíamos sobre relações sexuais
assistindo "A Lagoa Azul". E em meio a tudo isso, alguns programas de TV nos
ensinavam coisas boas para equilibrar a balança e evitar que o mundo se
tornasse um pandemônio em 2012 (talvez não tenha funcionado tão bem).
E entre esses, havia um que talvez seja a razão de existir
desse Blog: O Mundo de Beakman. Ainda que eu realmente não me lembrasse muito
do Mundo de Beakman quando criei esse blog, eu me inspirei em uma coisa que eu
aprendi com esse programa: O segredo para explicar algo é entender sua
complexidade, para poder simplificar.
E é isso que eu vou
tentar fazer agora, para explicar para os jovens gafanhotos que não sabem do
que eu estou falando, como eram as melhores aulas de ciências que uma criança
podia ter...
Badadin. Badabén. Badabum...
Direto ao ponto: O programa começava e nos deparávamos
com dois pinguins (Don e Herb) assistindo TV, no pólo sul. A informação é menos
irrelevante do que parece, pois esses dois pinguins já eram um primeiro passo
num dos pontos principais do programa: fazer a criança se sentir parte do
programa. Os pinguins representavam nada
menos do que as próprias crianças assistindo e comentando o programa. Pois bem.
O programa em si tratava de Beakman, um professor /
cientista, sua assistente Josie (mais tarde, Liza, e depois, Phoebe) e Lester,
um ator desempregado que fazia bico como rato de laboratório (não é uma
informação real, é apenas a descrição de Lester dentro do programa. O ator
provavelmente tinha “ator” registrado em sua carteira de trabalho e recebia em
dia...). Em um cenário meio caótico, com todo o tipo de tralhas espalhadas por
todos os lados, meio underground, Beakman respondia perguntas enviadas pelas
crianças (as cartas eram de crianças reais, mas na versão em português lhes
eram atribuídos nomes fictícios para fazer alguma brincadeira sobre o tema)
através de observações, experimentos (muitos deles podiam ser reproduzidos em
casa, com objetos triviais do nosso dia a dia), jogos e outras maneiras lúdicas
de explicar diferentes temas da ciência.
A coisa pode parecer até meio clichê agora, mas o
diferencial estava na forma como o programa deixava as crianças literalmente
“em casa”. Havia uma maneira única de inserir a criança naquele ambiente e
chamar sua atenção, em detalhes quase imperceptíveis como o cenário: Com
pouquíssimos ângulos de câmera, a criança acabava por conhecer facilmente toda
a “Central de Conhecimento” (como Beakman chamava o cenário) e sentir os
personagens mais próximos. Haviam outras jogadas espertas, como os efeitos
sonoros (um episódio de meia hora chegava a utilizar mais de 5000 efeitos
sonoros diferentes. Isso mesmo que você leu: 5 mil!).
E claro, as experiências! Algumas eram realmente super
simples de serem feitas, e a maioria garantia algumas gracinhas com seus pais
ou outros adultos quaisquer que lhe dessem um pouquinho de atenção. Beakman não
apenas ensinava e te convidava a fazer a experiência, mas também mostrava o que
acontece, por que acontece e como acontece. A melhor maneira de aprender algo novo,
não acham?
Apesar de não ter um tema específico e falar sobre temas
totalmente diferentes uns dos outros (como esse blog, hehe), Beakman afirmava não saber tudo - Apenas sabia onde encontrar as respostas (e naquela época o Google ainda não existia).
E para encontra-las, Beakman acabava por interpretar outros
personagens durante o programa, como cientistas famosos do naipe de Isaac
Newton ou Albert Einstein, de forma que eles próprios explicassem suas teorias
(de uma maneira bem caricata, obviamente). Por outras vezes, assumia o papel de
personagens fictícios, caso fosse necessário. Entre os quais, destaque para o professor
Chatoff, uma paródia da maneira tradicional, e por vezes tediosa, de explicar
as coisas que Beakman explicava, o Frango Fajuto, que ganhava vida nas mãos (e
dedos) de Lester e até uma “Beakmãe”. As
vezes, a própria mão do câmera, Ney, participava do programa, dando uma
“mãozinha” para os personagens.
Basicamente, o programa se pautava em 3 pilares: Linguagem
direta e simples, totalmente voltada para o telespectador; fazer a criança sentir-se parte
do programa e, claro; senso de humor. Assim era aprender ciências no Mundo de
Beakman!
O programa ainda era rico em jargões (“Tudo vai para algum
lugar!”, “Parem! Parem tudo! Estão ouvindo esse som? Está na hora do Desafio de
Beakman!”), e em situações em que Lester tinha que, digamos, fazer o trabalho
sujo, o que garantia um toque de humor ao programa.
No Brasil, era transmitido pela TV Cultura (teve uma passagem rápida pela Record) e é desses programas que deixava um gosto de “quero mais”
quando acabavam, naqueles longínquos tempos pré-youtube onde nossa única opção era esperar o programa do dia seguinte. O Mundo de Beakman era apresentado pelo ator Paul Zaloom (e
agora uma informação que pode decepcionar alguns inocentes: Ele não era um
cientista de verdade), com Mark Ritts (O Lester era formado em Harvard, e
faleceu em 2009, vítima do Câncer), Josie (Alana Ubach), Liza (Eliza Schneider)
e Phoebe (Senta Moses). Com a supervisão de muitos aspirantes a cientistas, que
não perdiam um programa, em frente as suas TV’s ao redor do mundo todo...
Muito legal a lembrança...
ResponderExcluirEu estou revendo o Beakman, atualmente, no Netflix! Tem todos lá!!
Grande blog, parabéns!
Obrigado! Mas ainda falta muito, a começar por um slogan legal como o do seu, haha
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Graças a DEUS, no meio de muita porcaria, caminhando por esse campo minado que é a internet, finalmente me deparo com um espaço de assuntos tão úteis como esse do Mundo de Beakman. Simplesmente um programa sensacional. Muitas saudades dessa época de pré-adolescência. Abraços. Continue fazendo a diferença.
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