sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cleópatra VII: A Grande Rainha do Egito


  Algumas pessoas são famosas. Outras são muito famosas. Umas poucas são absurdamente famosas. E umas pouquíssimas fogem do bom senso. Essas ficam tão famosas, mas tão famosas, que podem se passar mais de 2 mil anos que ainda serão lembradas. Aliás, a sua fama parece simplesmente aumentar com o tempo.

Uma dessas pessoas é a primeira das grandes divas da humanidade, ou pelo menos, a mais notável delas. Sim, porque essa tem fama suficiente para colocar a Madonna, a Cindy Lauper, a Shakira, a Cristina Aguilera e a Beyonce no bolso, e ainda levar a Lady Gaga e a Miley Cyrus de brinde.

Mas ela não era cantora. Nem atriz. Ela não fazia nada demais. Só governou um país, declarou algumas guerras, mandou matar algumas pessoas, seduziu alguns governantes poderosíssimos, entre outras coisas. Foi a governante mais famosa da história do Egito. É óbvio que estamos falando da Cleópatra.


Uma menina rainha

Cleópatra VII Thea Filopator, como o nome já diz, não foi a primeira e nem a única Cleópatra, e sim, a sétima. Acabou ficando tão famosa que com o tempo convencionou-se na mídia e na cultura popular simplesmente esquecer as outras. O nome Cleópatra significa “Glória do Pai”. Seu sobrenome, Thea Filopator, significa “Deusa Amada Pelo Pai”.

Nasceu no Egito, na lendária cidade de Alexandria, mas seus pais eram da Macedônia. Naquela época o Egito estava sob o domínio de uma dinastia Macedônica, e o pai de Cleópatra, o rei Ptolomeu XII, não vivia seus melhores dias perante a população de Alexandria. Não demorou para que Cleópatra fosse nomeada governante do Egito pelo seu pai (na verdade, houveram algumas mortes de pessoas que estavam a frente dela na linha de sucessão, nomeadamente, Berenice IV e a própria Cleópatra VI, e pode-se dizer que não foram exatamente mortes acidentais, embora nenhuma delas tenha sido culpa da Cleópatra VII), junto com seu irmão Ptolomeu XIII, com quem teve que se casar, perante os costumes da época (sim, era irmão casando com irmão, e isso porque nem começamos a falar dos casos de irmão matando irmão ainda...). Cleópatra tinha apenas 17 anos e Ptolomeu, 15.

Cleópatra, como é de se esperar de uma jovem com dinheiro e poder nas mãos, era muito vaidosa. Gostava de estar sempre enfeitada por pedras bonitas e preciosas, que as vezes ela mesma encomendava, e outras, ganhava de alguém. Mas provavelmente não era tão bonita quanto a lenda diz. Não que fosse feia também: Era uma jovem comum, sem nada de muito especial. Exceto uma coisa...

A governante

Cleópatra era inteligente. Muito inteligente. Era uma estrategista muito boa, escreveu vários livros sobre assuntos variados (daria uma ótima blogueira) e tinha um dom ímpar para fazer política: Conseguir aliados era com ela mesma. As vezes ela não usava as táticas mais éticas, por assim dizer, para conseguir esses aliados, mas isso são coisas que falaremos nos momentos devidos. Aqui vamos nos atentar a governante Cleópatra. Ela não chegou a governar o Egito sozinha, apesar de toda a sua genialidade, tendo sempre dividido o trono com algum homem. No entanto, sabe-se que em todos os casos era ela quem mandava na bagaça: O Rei só estava lá para acenar pro povo. Quem mandava e desmandava era a Cleópatra.

Assim que foi nomeada rainha pelo seu pai (que morreria logo depois), iniciou-se uma das disputas mais ferrenhas com a qual ela teve que lidar na sua vida: A disputa pelo poder com seu irmão e marido, Ptolomeu XIII. Ainda mais jovem e imaturo do que ela, Ptolomeu XIII simplesmente seguia o que seus conselheiros, ambiciosos e que não gostavam de Cleópatra, lhe diziam para fazer. Esse atrito gerou inúmeros problemas não só entre os dois, mas como para o Egito como um todo, que começava a enfrentar problemas por conta das ações contraditórias de seus dois governantes, que pareciam querer andar para caminhos totalmente opostos.

Cleópatra tinha uma visão diferenciada e já havia percebido que Roma era a bola da vez, e que seria uma ótima idéia tornar o Egito amiguinho deles, antes que eles resolvessem tomar a “amizade” do Egito na base da força. Para fortalecer esses laços, ela chegou a fornecer 60 barcos para ajudar os romanos em uma batalha. Isso foi tudo o que os membros da corte queriam: Um motivo para tirá-la do poder. Acusaram-na de tentar governar sozinha e sem responsabilidade. O povo comprou a causa, a casa caiu pela primeira vez e Cleópatra teve que fugir para a Síria...

Acharam que era fácil assim?

Cleópatra era uma mulher inteligente, que sabia fazer aliados como poucos. Sei que já falei isso mas nunca é demais lembrar. Especialmente se formos falar que ela juntou um exército de mercenários para voltar ao Egito e quebrar a cara do seu irmão. Como e onde ela arrumou esses caras a história não conta, mas tanto faz. Ela era inteligente e sabia fazer aliados como poucos. É tudo que precisamos saber para prosseguir a história.

Paralelamente a isso, não eram apenas o egípcios que estavam tendo problemas internos: O pau quebrava também entre os romanos. Gneu Pompeu, o político romano a quem Cleópatra havia emprestado os barcos, perdeu a batalha contra Júlio César, Imperador Romano, e se refugiou em Alexandria, a convite, ironicamente, do mesmo Ptolomeu XIII que usou a ajuda a Pompeu como desculpa para se livrar da sua irmã. Coisa boa não podia ser. E não era: Tratava-se de uma emboscada, Pompeu foi morto e sua cabeça foi levada a César por Ptolomeu.

E César... Odiou o presente. Ficou horrorizado, aliás. Pompeu era seu inimigo político, era a oposição, mas aquilo era ridículo, na visão de Cesar a rivalidade não chegava ao ponto dele precisar da cabeça do cara como troféu... Até porque, Pompeu era, nada mais, nada menos, do que casado com a filha de César... Que bola fora hein Ptolomeu XIII?

O tapete

Foi então que uma das idéias mais malucas, geniais e famosas de Cleópatra veio a tona: Ela precisava encontrar-se com César, mas o que ela tinha em mente, para ganhar a confiança dele, não era algo que ela podia dizer em uma reunião formal. Esperta que só, mandou então um presente a César, um tapete. A cara de César ao descobrir que a própria Cleópatra estava escondida enrolada no tapete deve ter sido uma das expressões mais singulares da história da humanidade...

Cleópatra disse a César que havia ouvido falar dos inúmeros romances dele, e que então ficou com vontade de conhecê-lo. Tornaram-se amantes e Júlio César resolveu que iria dar um jeito nos problemas envolvendo Cleópatra e seu irmão. Mas como?

Primeiramente, ele fez o testamento do pai deles ser cumprido, e novamente nomeou ambos os soberanos do Egito. De quebra ainda deu o governo do Chipre para os irmãos mais novos da dupla, Arsínoe e Ptolomeu XIV. Arsinoe no entanto não se contentava com pouco, se uniu ao ainda revoltadinho Ptolomeu XIII e ambos tentaram tomar novamente o Egito e tirar a Cleópatra de lá. Era tudo que Júlio César e Cleópatra queriam. Arsínoe até chegou a governar o Egito, antes de seu exército egípcio ser esmagado pelas forças romanas. Saldo: Arsínoe foi assassinada e Ptolomeu XIII morreu afogado no Rio Nilo, tentando escapar. Era melhor que ela tivesse se conformado com o Chipre... O Egito agora era um país independente, mas protegido por Roma: Ai de quem tocasse um dedo nas terras da dona do coração (embora fosse uma amante, e não uma esposa) de Júlio César...

Filho, o irmão restante, Roma...

Cleópatra foi morar em Roma e teve um filho com Júlio César, chamado Ptolomeu XV César, mais conhecido como Cesarion (“pequeno César"). Ele não foi nomeado herdeiro de Júlio César no entanto. Cleópatra não era necessariamente uma pessoa das mais amadas em Roma, aliás.

Falando em popularidade, como Cleópatra estava em Roma, e os outros irmãos estavam no além, coube ao caçula Ptolomeu XIV as honras de governar o Egito. Ele também teve que se casar com a Cleópatra para isso (foi uma sugestão de Júlio César, aliás). Por um infeliz acaso do destino, tão logo Júlio César foi assassinado, Ptolomeu XIV também morreu de forma misteriosa. Suspeita-se que Cleópatra tenha encomendado sua morte. O fato é que ele morreu, e Cleópatra voltou ao Egito, para governar junto com seu filho, que assumiu o papel de rei na falta de qualquer outro para fazê-lo...

Marco Antônio

Com César morto, Marco Antônio, governante da porção oriental do Império Romano desde então, convocou Cleópatra para depor: Ele desconfiava que ela tivesse alguma coisa a ver com a morte de Júlio César. Sempre esperta, Cleópatra apareceu lotada de pompa, e não demorou muito para inverter o jogo: Agora Marco Antônio também estava apaixonado por ela.

Morando juntos em Roma tiveram 2 filhos gêmeos, Cleópatra Selene e Alexandre Hélio, e Marco Antônio devolveu ao Egito boa parte das terras que o Império Romano havia tomado. Mais tarde se mudaram para Alexandria, onde ainda nasceria mais um filho, Ptolomeu Filadelfo.

Lógico que a vida não podia ser tão fácil assim. Esse negócio de Marco Antônio ficar devolvendo terras e fazendo filhos não iria dar muito certo, estava na cara. Ok, fazer filhos não tinha nada demais, mas ficar devolvendo terras assim, sem mais nem menos? Não, isso não terminaria bem.
O senado resolveu declarar guerra a ambos: Marco Antônio e as terras sob seu comando para tomá-las de volta enquanto ainda tinha alguma terra pra tomar de volta e, claro, ao Egito.

Derrotados, Marco Antônio e Cleópatra cometeram suicídio. Ela, segundo consta a história, deixou-se ser picada por uma cobra venenosa, da espécie Naja Haje. Roma tomou o Egito como mais uma de suas províncias. E a História tomou Cleópatra como uma de suas grandes personalidades...  

10 comentários:

  1. Muitooooooooooo legal.....................gostei muito......Cleópatra morreu com a mordida de naja no seio???

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  2. Boa pergunta. É o que a história conta, embora não hajam muitos registros sobre isso.

    Certos detalhes, como esse, são difíceis de saber se são apenas fruto do bom e velho boca a boca ou se são fatos. Mas é mais bacana acreditar que foi um fato, não acha?

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  3. Mais e os filhos de Cleópatra?

    O que aconteceu com eles?

    Foram assassinados?

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  4. Isabelle: Cesarion teve uma vida muito boa enquanto sua mãe estava viva, porém, com a morte de Cleópatra e Marco Antonio, voltou para Alexandria iludido por promessas de assumir o trono e foi executado.

    Já Cleópatra Selene e Alexandre Hélio e Ptolomeu Filadelfo tiveram melhor sorte, e segundo a versão mais aceita (embora não totalmente comprovada), foram criados em Roma por uma sobrinha de Julio César.

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  5. gostei muito do seu artigo é coerente, simples, e dinâmico, porém, eu sugiro que você melhore o seu vocabulário, você deve ser um pouco mais polida com suas palavras, mas no geral o artigo está muito bom! abraço!

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  6. Obrigado pela dica, anônimo. A idéia, realmente, era uma postagem mais descontraída, justamente por ser uma postagem sobre história, e textos "sérios demais" sobre a Cleópatra serem abundantes na internet. Por isso eu mesmo me permiti usar certas palavras que normalmente não utilizo em postagens.

    Mas sua dica é válida, obrigado.

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  7. CLEIDE SOUSA PARÁ ALTAMIRA2 de novembro de 2011 às 13:01

    Muito bom. A linguagem utilizada foge do convencional e junto as fotos dela, prende mais o leitor...eu já havia lido algumas publicações sobre Cleópatra, mas essa tem uma pitada diferente envolvendo história, bom gosto e bom humor

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  8. Eu vi o filme de Cleópatra ela mata uma das suas criadas com um vinho envenenado e uma das criadas sai gritando Apolodoros!

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  9. São varias Cleopatras, como saber qual que morreu com uma picada de cobra? A 01, a 02, a 07? É igual James Bonde, 0 007, só muda o ator. Uma das Cleópatras que foi picada de cobra foi a esposa do imperador Julio Cesar. Após a morte do Julio Cesar por Brutus, ela foi atrás do imperador Marco Antonio.

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