sábado, 29 de dezembro de 2018

Epigenética (Ou: "Como os Pokémons realmente evoluem")

Fazia tempo que eu não falava sobre temas mais complexos no blog, mas pra mostrar que hoje estou na pegada mesmo, é hora de falarmos sobre um negócio chamado Epigenética, usando Pokémons como exemplo. Aproveite pois na Wikipédia esse negócio é bem complicado mas aqui no Blog vai ser facinho de entender (apesar de estar simplificado ao extremo do máximo possível então por favor, não leve isso como um artigo científico ou coisa do tipo).
Bom, como sabemos, o que se chama de "evolução" em Pokémon não é o que se chama de evolução na ciência. A evolução de uma espécie em outra leva muito tempo e mudanças sutis, diferente dos pokémons onde um peixe inútil vira um dragão monstrengo causador de maremotos num piscar de olhos.
Entretanto, a evolução de um Pokémon não é tão diferente de algo que existe e acontece o tempo todo na natureza, e eu não estou falando de metamorfose, e sim de epigenia. E vou pegar o Eevee, aquele simpático cachorrinho que pode "evoluir" em um monte de outros pokémons como exemplo (esse da foto).
De acordo com as condições a que é exposto, o Eevee pode virar um bicho completamente diferente. Por exemplo, com uma pedra do trovão o Eevee se torna um Jolteon, uma pedra do fogo, um Flareon e daí por diante. São pokémons completamente diferentes.
Agora pense em uma abelha: As larvas das abelhas são todas iguais. Entretanto, de acordo com o alimento que elas recebem, elas podem se tornar uma operária, um zangão ou até mesmo uma rainha! Uma abelha rainha não se parece em nada com a operária. Os alimentos que as abelhas recebem funcionam como as pedras para o Eevee e determinam o que elas vão virar, mesmo que sejam resultados completamente diferentes.
Holy Mother, mas como isso? Aí é que está o pulo da larva: Todas as larvas tem no seu código genético o DNA pra se tornar rainha, zangão ou operária.
Imagine que esse DNA tem tipo uma chavinha de ON / OFF e que dependendo do contexto, um deles é ativado ou não.
É a mesma coisa com o Eevee: Ele tem o DNA de todas as evoluções desde que nasce, mas apenas uma parte desse DNA será ativado em algum momento da vida dele (ou talvez, nenhuma).
Genéticamente falando, não há diferenças entre uma larva, uma abelha rainha e uma operária. Nem entre um Eevee, um Jolteon e um Flareon. Continuam sendo o mesmo bicho: A diferença é quais partes do código genético de cada um deles foi ativada.
Mesmo seres humanos passam por epigenia. Veja bem: Quando nascemos, nosso código genético nos faz crescer, desenvolver musculatura e maturar o sistema cognitivo e sexual. Alguns de nós até tinham o cabelo de cor diferente quando era bebê. Em algum momento começamos a envelhecer e nossos cabelos ficam grisalhos.
Essas mudanças não são acaso: Todos nós nascemos com "DNA de bebê" e "DNA de velho" e não jogamos isso fora: Esse DNA apenas se ativa ou desativa de acordo com o contexto (no nosso caso, a idade).
Outro exemplo humano é a diabetes tipo 2. É uma doença genética, então, se os seus pais ou avós tiveram é provável que você tenha também. Mas se você mantiver hábitos saudáveis como uma boa alimentação e exercícios pode nunca desenvolver diabetes (ou seja, o gene da diabetes simplesmente não será ativado).
Seres humanos tem 2,9 bilhões de genes e boa parte deles está desativado na verdade. Ainda temos genes para longas caldas como sayajins, por exemplo, mas aí já estou entrando em outro desenho.
E esse processo onde parte do DNA de um organismo é ativado ou desativado é chamado de processo epigênico. Ele serve basicamente pra regular o ciclo da vida dos animais.
Há outros inúmeros exemplos, como ratos que desenvolvem uma pelugem de cor diferente de acordo com o ambiente onde vivem. Falando em ratos, quando expostos a estresse contínuo, alguns ratos de laboratório se tornam maiores e mais musculosos do que ratos comuns - praticamente agiram como Rattatas evoluindo para Raticates.
E isso nos leva ao ponto que liga a maioria dos pokémons: O estresse. Pokémons em geral lutam até se tornarem fortes o suficiente pra evoluírem, mas na verdade, não. Eles lutam até que o estresse constante em sua vida ative genes que eles já tem, ao ponto que um simpático Squirtle venha a se tornar uma gigantesca tartarugona com duas bazucas de água nas costas se for estressado o suficiente.
E porque de um ovo de Blastoise não nasce outro Blastoise, e sim um Squirtlezinho? Porque a espécie não mudou: Aquele Squirtle tem DNA de Blastoise, mas esse DNA está "desligado".
Até porque, na natureza, ser um Squirtle é vantagem. Um Squirtle com certeza come muito menos do que um Blastoise. Ser muito grandão e forte nem sempre é uma vantagem. Existe uma razão para haverem trilhões de formigas no mundo e apenas alguns elefantes.

Então, basicamente é isso.
A partir de agora, toda vez que você ver um Eevee evoluir em qualquer coisa (ou qualquer outro pokémon na verdade), você poderá dizer que na verdade isso é um processo epigênico (e agora você sabe o que é isso) e não um a evolução de verdade.

Mas não diga isso. Não seja chatão.


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